O vice-presidente do PSD/Açores demitiu-se das funções por considerar que o órgão “não reúne condições políticas” para se apresentar nas regionais de 2020.
Cláudio Almeida, eleito para vice-presidente no congresso de consagração de Alexandre Gaudêncio como líder da estrutura regional do partido, em outubro de 2018, disse à agência Lusa que “não estão em causa as qualidades pessoais e humanas” do atual líder.
Segundo o social-democrata, “a atual Comissão Política Regional não reúne condições políticas para continuar”, face à proximidade das eleições legislativas regionais de 2020.
Na noite de sexta-feira, a Comissão Política Regional do PSD/Açores aprovou por “larga maioria” que Alexandre Gaudêncio “continua com condições” para liderar o partido, apesar de ter sido constituído arguido, anunciou a secretária-geral, Sabrina Furtado.
“Reunida a CPR [Comissão Política Regional] do PSD/Açores depois dos acontecimentos que vieram a público nos últimos dias, foi decidido (por aquele órgão), após a sua direção ter colocado a sua continuidade aos seus pares, que Alexandre Gaudêncio continua com condições para exercer a presidência do partido”, declarou, na altura, a dirigente aos jornalistas após cinco horas de reunião, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
A Polícia Judiciária (PJ) dos Açores anunciou, a 2 de julho, que foram constituídos “vários arguidos”, entre os quais o presidente da Câmara da Ribeira Grande e também líder do PSD/Açores, numa operação por suspeitas de “crimes de peculato, prevaricação, abuso de poder e falsificação de documentos”.
O líder do PSD/Açores foi hoje ouvido nas instalações de Ponta Delgada da PJ, no âmbito da “Operação Nortada”, confirmou à agência Lusa fonte policial. De acordo com a mesma fonte, Alexandre Gaudêncio pode, ou não, voltar a ser ouvido no âmbito deste processo, o que “dependerá da dinâmica” do mesmo e dos novos elementos que venham a surgir.
Alexandre Gaudêncio manifestou-se já de “consciência tranquila” relativamente ao facto de ter sido constituído arguido e disse estar “convicto de que todas as opções” que tomou enquanto autarca “estão dentro da legalidade”.
Em causa estará um contrato com MC Kevinho para um concerto ocorrido em abril no município açoriano. Além dos valores previstos no contrato, por ajuste direto, o artista brasileiro ainda ficou com as receitas de bilheteira.
Na altura, os vereadores do Partido Socialista na autarquia açoriana classificaram como “abusiva” a contratação do cantor brasileiro, pelo montante de 123 mil euros, uma situação que “ultrapassa o que se pode considerar como valores anormalmente elevados”.
Segundo o PS, além de o contrato “ultrapassar o montante máximo estipulado para o regime de ajuste direto, não foi objeto de discussão em reunião camarária”, cita a revista.
ZAP // Lusa