O Irão assegurou que podia ter abatido, na quinta-feira, outro aparelho militar norte-americano, um avião P-8 com 35 pessoas a bordo, que também violou nesse dia, em simultâneo com o drone derrubado, o espaço aéreo iraniano.
“Poderíamos ter atingido também esse avião, mas abstivemo-nos de o fazer porque a nossa intenção era apenas enviar uma mensagem às forças terroristas norte-americanas na região”, afirmou o comandante da força aérea dos Guardas da Revolução do Irão, Amir Ali Hayizadeh.
O comandante explicou, segundo avança a agência oficial IRNA, que o aparelho P8 voava “ao lado” do drone que foi derrubado na quinta-feira por um míssil terra-ar da força aérea iraniana.
Amir Ali Hayizadeh acrescentou que os norte-americanos ignoraram os avisos lançados pelas forças iranianas de que os dois aparelhos estavam a violar o espaço aéreo do país.
A tensão entre o Irão e os EUA voltou a aumentar com o derrube do drone, que levou Washington a preparar ataques aéreos retaliatórios, cancelados à última hora pelo Presidente Donald Trump.
O chefe de Estado justificou, entretanto, a suspensão dos ataques, que deviam ter visado três locais, por ter sido informado que causariam “150 mortos”, o que considerou desproporcionado em relação ao derrube do drone de vigilância marítima RQ-4A Global Hawk da Marinha norte-americana.
Segundo Washington, o drone foi abatido no espaço aéreo internacional no estreito de Ormuz, onde na semana passada dois petroleiros, um norueguês e um japonês, foram alvo de ataques, atribuídos por Washington a Teerão, que nega qualquer responsabilidade nos incidentes.
As autoridades iranianas justificaram hoje a sua ação mostrando os restos do drone que foram recuperados nas águas territoriais do Irão. Também apresentaram nas Nações Unidas e na Embaixada da Suíça em Teerão, que representa os interesses dos EUAs, as coordenadas do drone no momento do derrube.
Sobre os dados facultados, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse que o drone descolou dos Emirados Árabes Unidos “em modo oculto e violou o espaço aéreo iraniano”.
Mohammad Javad Zarif afirmou que o Irão não procura uma guerra com os EUA, mas que irá defender “com zelo” o seu território, águas e espaço aéreo, num momento de crise entre os dois países.
Fontes diplomáticas citadas hoje pelas agências internacionais indicaram que os EUA pediram a realização na segunda-feira de uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança da ONU para falar sobre os últimos desenvolvimentos relacionados com o Irão.
// Lusa