Um novo estudo sugere que as riscas das zebras servem para controlar a temperatura corporal e revela pela primeira vez o mecanismo usado para o fazer.
Os autores argumentam que é a maneira especial pela qual as zebras suam e as correntes de convecção em pequena escala criadas entre as faixas que auxiliam na evaporação, enquanto a capacidade das zebras, anteriormente não registadas, de erguer as suas listras pretas é uma ajuda adicional para a perda de calor.
Estes três elementos são fundamentais para entender como o padrão único das zebras os ajuda a controlar a sua temperatura no calor. As descobertas foram publicadas no Journal of Natural History pelo naturalista amador e ex-técnico de biologia, Alison Cobb e o seu marido zoólogo, Stephen Cobb. Juntos, passaram muitos anos na África subsariana, onde dirigiram projetos de pesquisa e desenvolvimento ambiental.
Este é o primeiro estudo em que as zebras foram avaliadas no habitat natural para investigar o papel das riscas no controlo da temperatura. Os cientistas recolheram dados de duas zebras vivas, juntamente com pele de zebra pendurada sobre um cavalo de roupa como controlo, no Quénia.
Os dados revelaram uma diferença de temperatura entre as faixas preta e branca que aumenta à medida que o dia aquece. Enquanto esta diferença estabiliza nas zebras vivas durante as sete horas do meio do dia, com as faixas pretas 12 a 15ºC mais quentes que as brancas, as riscas de uma pele de zebra sem vida continuam a aquecer até aos 16ºC.
Segundo um comunicado, isso indica que existe um mecanismo subjacente para suprimir o aquecimento em zebras. É a maneira como as riscas de zebra são aproveitadas como parte do seu sistema de arrefecimento, em vez de apenas a sua cor de revestimento contrastante, que é a chave para entender por que estes animais têm um padrão único.
Como todas as espécies da família dos cavalos, as zebras suam para se refrescar. Uma investigação recente revela que a passagem do suor em cavalos da pele para as pontas dos cabelos é facilitada por uma proteína chamada latherina, que também está presente nas zebras. Isso torna o suor espumoso, aumentando a área de superfície e diminuindo a tensão superficial, evapora e previne o super-aquecimento do animal.
Os cientistas propõem que as temperaturas diferenciais e a atividade do ar nas riscas pretas e brancas criam movimentos convectivos em pequena escala dentro e acima das listras, o que desestabiliza o ar e o vapor de água nas pontas dos pêlos.
Os autores também observaram que as zebras têm uma capacidade inesperada de erguer os pêlos nas faixas pretas enquanto as brancas permanecem planas. Os autores propõem que a subida de pêlos negros durante o calor do dia, quando as riscas estão em diferentes temperaturas, auxilia na transferência de calor da pele para a superfície do pêlo.
Esses três componentes – movimentos convectivos do ar, suor auxiliado por espuma e levantamento de pêlos – funcionam juntos como um mecanismo para permitir que as zebras retirem o suor da pele para que possa evaporar com mais eficiência, para ajudá-las a arrefecer.
Os autores também especulam que o ar instável associado às faixas pode ter um papel secundário em impedir que as moscas picadoras pousem sobre elas.