Uma fotografia divulgada no Twitter do climatologista dinamarquês Rasmus Tonboe ilustra o degelo que ocorre na Gronelândia, evidenciando algumas das consequências que podem ser desencadeadas pelo fenómeno.
A imagem, que mostra um trenó a ser puxado por cães que têm as suas patas imersas em água, foi capturada no mar ao largo da costa oeste da ilha. Steffen Olsen, colega de Rasmus Tonboe no Centro para o Oceano e o Gelo, do Instituto Meteorológico Dinamarquês, captou o momento no dia 13 de junho.
“O derretimento rápido, o gelo marinho com baixa permeabilidade e algumas fissuras deixam a água derretida no topo da camada de gelo”, explica o cientista. Segundo Olsen, estes eventos climáticos ameçam o futuro dos habitantes da região, devendo, por isso, ser mais estudados e acompanhados.
“As comunidades da Gronelândia dependem do gelo marinho para o transporte, a caça e a pesca. Eventos extremos, como esta inundação de gelo devido ao abrupto início do derretimento da superfície, exigem maior capacidade de presvisão no Ártico”, alertou
O manto de gelo que cobre a Gronelândia está a derreter a uma velocidade recorde devido às elevadas temperaturas sentidas nas últimas semanas. Registos locais mostram que junho de 2019 registou o degelo mais rápido na região desde que os dados começaram a ser medidos, em 1981. Em média, as temperaturas têm estado 4ºC acima do que seria esperado para o início deste mês.
Jason Box, do Serviço Geológico da Dinamarca e Gronelândia, mostrou-se preocupado com os números, descrevendo, em declarações ao jornal norte-americano The Washington Post, o derretimento como “grande e prematuro”. O especialista explicou que as altas temperaturas que assolam o manto de gelo da Gronelândia aliaram-se aos baixos níveis de neve registados durante o Inverno.
Box previu ainda que 2019 seria “o maior ano de degelo para a Gronelândia” e relembrou que, este ano, já se verificou um degelo anormal em abril.
Números preocupantes foram também avançados pelo Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos EUA, que cita dados da University of Colorado Boulder, segundo os quais mais de 40% da área superficial da Gronelândia derreteu na quinta-feira da semana passada — aproximadamente 712 mil quilómetros da superfície.
Este valor representa uma perda de 2 mil milhões de toneladas de gelo.