De acordo com Pedro Soares, “não há condições para uma nova geringonça.” O deputado não se recandidatará e acredita que o BE deve voltar a aproximar-se dos valores da sua génese.
Apesar de ressalvar que esta legislatura foi fundamental para a democracia, Pedro Soares frisa que deveria ter havido um segundo acordo escrito com o Partido Socialista. Em entrevista ao jornal Público, o deputado acrescenta que o Bloco teve um papel central nestes quatro anos no que toca ao equilíbrio da balança orçamental e em termos ambientais.
Defensor dos valores originais do BE, Pedro Soares adverte que há riscos no crescimento do partido. “É fundamental que o BE tenha um grande resultado nas legislativas. O reforço da esquerda é muito importante”, salienta.
Segundo o professor a solução governativa desta legislatura “foi em condições históricas particulares”, por isso, o Bloco “não deve vincar alianças” com o PS. Sobre a cooperação com o Partido Socialista, Pedro Soares diz ainda: “A meio desta legislatura devíamos ter confrontado o Governo e o PS com um novo caderno de encargos.”
“Acho que não há condições para que haja uma nova geringonça”, vincou o deputado. “Julgo que essas condições não se vão repetir agora, depois das eleições legislativas.”
“É preciso que o BE se afirme como um partido emancipatório, capaz de afirmar essa alternativa. É decisivo para que possa ter a ambição de mudar o país efetivamente“, remata o deputado que vê claras diferenças entre o Bloco e o partido de António Costa e Carlos César no que diz respeito ao modelo social e económico.
Questionado sobre um balanço do seu mandato, Pedro Soares disse que as principais áreas de intervenção foram o ambiente e habitação. “A possibilidade de aprovação da Lei de Bases da Habitação é um marco histórico fundamental. Em termos ambientais, ganhou o topo da agenda política e do debate social a questão das alterações climáticas e a preservação do nosso ambiente. Foi feito muito trabalho, avançou-se muito”.
Nas eleições legislativas que se avizinham, o deputado Pedro Soares, defensor da renovação e limitação de mandatos, não se recandidata. Admite voltar à Universidade de Lisboa, para dar aulas no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território.