Estima-se que, a nível mundial, sejam deitadas para o chão 2,3 milhões de beatas por minuto. Para combater essa prática nociva ao ambiente, cada vez mais organizações nacionais e internacionais apostam em dar-lhes uma segunda vida.
O partido Pessoas-Animais-Natureza apresentou, no início de junho, um projeto-lei que prevê o fim das beatas nas ruas e que foi discutido, esta quarta-feira, no Parlamento. Os restantes partidos aprovam a proposta do PAN, mas sugerem alterações.
Por minuto, são deitadas para o chão sete mil beatas em Portugal, o que significa que, anualmente, cerca de 3,7 mil milhões de pontas de cigarro são descartadas de qualquer forma em território português.
Para combater esta prática nociva ao ambiente, o PAN quer apostar em ações de sensibilização numa primeira fase e, posteriormente, em sanções para quem não cumpra a lei. A disponibilização de cinzeiros à porta dos estabelecimentos, a limpeza diária do espaço circundante e o pagamento de uma “ecotaxa” para os produtores de tabaco são outros exemplos.
No entanto, como escreve o Diário de Notícias, existem cada vez mais organizações nacionais e internacionais que querem dar uma segunda vida às beatas, cujo tempo de decomposição ainda não está bem definido (entre um e cinco anos, ou até 20 anos, são algumas das estimativas já apresentadas).
Tijolos, papel e pranchas de surf
Nos últimos anos, várias pessoas e organizações têm vindo a desenvolver esforços para a recolha de beatas no nosso país e David Figueira é um desses casos, conta o jornal.
Através da rede Biatakí, o português de 30 anos disponibiliza ecocinzeiros de bolso, feitos a partir de rolhas de cortiça e cana de bambu, cinzeiros de exterior e, mais recentemente, kits de recolha de beatas, com potes de café reutilizados.
Agora, numa parceria com o Laboratório da Paisagem de Guimarães, David já arranjou solução para reciclar as mais de 250 mil beatas que tem armazenado desde 2016: fazer tijolos sustentáveis.
O E-tijolo está a ser desenvolvido por mais duas entidades – Centro de Valorização de Resíduos (CVR) e Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) – e, depois de vários testes, apresenta-se como “um produto mais leve, com melhores propriedades de isolamento e que reduz em 60% o consumo de energia necessária para a sua produção”.
Segundo o DN, também já existem lá fora projetos que dão uma nova vida às pontas de cigarro. Um desses casos é a brasileira Rede Papel Bituca, que faz a recolha seletiva de beatas e transforma-as em papel, que é depois utilizado para fazer artigos ecológicos.
Nos Estados Unidos, a empresa Terracycle também recolhe beatas e embalagens que, depois de separadas de acordo com a sua composição, são derretidas para ser transformadas em plástico duro, que pode ser usado para fazer produtos industriais como paletes. Também Taylor Lane, surfista da Califórnia, construiu uma prancha de surf, com cerca de oito quilos, com dez mil beatas que recolheu nas ruas da sua cidade.
Já perguntaram à ICAR?