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A fraude que nos deve fazer duvidar dos conselhos de “influencers”

Belle Gibson ganhou fama após, alegadamente, se ter curado de um cancro terminal através de um estilo de vida saudável. No entanto, tudo não passava de uma fraude engendrada pela australiana.

A antiga “influencer” e guru de bem-estar Belle Gibson chamou a atenção do público pela primeira vez depois de afirmar que se curou de um cancro terminal ao rejeitar a medicina convencional em favor de uma dieta e estilo de vida saudáveis.

A sua história foi documentada num blogue e nas redes sociais, que se tornaram a base para um livro e uma app de sucesso, com conselhos de estilo de vida e receitas saudáveis.

No entanto, em 2015, Gibson foi exposta como uma fraude. Foi revelado que ela nunca teve cancro e não doou as receitas da sua aplicação para a caridade, como prometido. Agora, foi chamada a comparecer em Tribunal Federal depois de não pagar uma multa de cerca de 250 mil euros por alegações de saúde enganosas.

Além dos fatores psicológicos que motivaram a fraude de Gibson, o escândalo levanta questões importantes sobre as condições culturais e tecnológicas que permitem que os gurus de lifestyle prosperem.

O crescimento de gurus de lifestyle

Alegações sobre como curar doenças através de dieta e terapias alternativas estão longe de ser novas. O que é novo é a velocidade e a escala sem precedentes oferecidas pela plataformas online. As redes sociais também permitem que os bloggers monetizem os seguidores por meio de anúncios publicitários, programas afiliados e lojas online.

A economia dos influencers tornou-se uma indústria bilionária, resultando num aumento do número de bloggers “não certificados” a competirem para alcançar o status de guru de estilo de vida.

Embora a história de Gibson seja aparentemente única, a narrativa sobre a qual foi elaborada é comum a todos os gurus de lifestyle, que seletivamente combinam elementos da ciência, sistemas esotéricos de conhecimento, autoajuda e pensamento positivo.

Os conselhos dados apelam ao senso comum, mas recomendações práticas para comer mais frutas e verduras, fazer exercício regularmente e reduzir o consumo de álcool são geralmente seguidas por produtos de desintoxicação pseudocientíficos, limpezas e serviços online que oferecem soluções rápidas para problemas complexos.

Enquanto alguns “influencers” afirmam ser nutricionistas, poucos têm as credenciais necessárias para dar conselhos médicos. Em vez disso, a fama e credibilidade derivam de uma série de técnicas, que incluem personagens cuidadosamente construídas e narrativas de autotransformação, documentando a sua jornada da doença à auto-recuperação.

As melhorias pessoais que documentam online baseiam-se principalmente em evidências e fotografias que revelam a sua transformação em pessoas atraentes, ostensivamente mais felizes e saudáveis.

As redes sociais alteraram a forma como somos influenciados. Projetado em torno da demanda por visibilidade e atenção, a influência é medida pela contagem de seguidores. Um especialista pode ter credenciais e anos de experiência, mas é improvável que seja tão apelativo quanto um guru atraente que seja “instafamoso”.

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