A taxa de participação nas eleições europeias, realizadas entre quinta-feira e hoje nos 28 Estados-membros da União Europeia, fixou-se nos 50,5%, a mais elevada dos últimos 20 anos e oito pontos acima do anterior sufrágio.
Segundo os dados oficiais, anunciados na noite deste domingo pelo porta-voz do Parlamento Europeu, Jaume Duch, a taxa de participação nas eleições europeias deste ano ultrapassa a barreira simbólica dos 50% e é cerca de oito pontos superior à votação de cinco anos, de 42,6%.
“Este é o aumento da afluência às urnas mais significativo desde as primeiras eleições para o Parlamento Europeu, em 1979”, sublinhou Duch. As eleições registaram em 2014 a sua pior taxa, com 42,6%. Desde as primeiras votações em 1979, com uma participação de 62%, a afluência caiu progressivamente e desde 1999 que estava abaixo dos 50%.
A descida da abstenção nas Eleições Europeias deste domingo contraria o resultado registado em Portugal, onde a abstenção se cifrou em 66%.
PPE e Socialistas juntos sem maioria
Após o apuramento dos resultados nos 28 países da União Europeia, divulgados pelo Parlamento Europeu, confirma-se a queda das famílias políticas ‘tradicionais’.
Apesar de perder 39 lugares no hemiciclo, o Partido Popular Europeu, com 178 eleitos, mantém-se como a principal força política no Parlamento Europeu. Os socialistas europeus, que perderam 35 deputados em relação às últimas eleições, terão 152 mandatos — o que significa que as duas maiores famílias do PE juntas não chegam à maioria.
A Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE) torna-se, de forma destacada, na terceira força política no PE, com 108 eurodeputados, um crescimento de 40 eurodeputados, enquanto os Verdes europeus ganham 15 assentos, para ser o quarto grupo político, com um total de 67 representantes.
Os partidos de extrema-direita elegeram, no seu conjunto, 57 dos 750 deputados do Parlamento Europeu — uma subida de quase 100% em relação aos 29 eleitos há 4 anos.
A subida dos partidos de extrema-direita, em particular no Reino Unido, Itália e França, é contrabalançada por uma acentuada subida dos partidos Verdes em vários países, o que aponta para uma abrangente maioria de deputados pró-UE na nova legislatura.
Macron treme, Merkl ganha
Em França, o Agrupamento Nacional, de Marine le Pen, recolheu 23,2% dos votos, segundo as previsões, enquanto a coligação A República em Marcha, do presidente francês Emmanuel Macron, obteve o segundo lugar, com 22,4%.
Apesar do segundo lugar nestas eleições, o número de deputados eleitos deverá permitir a Macron ter um papel decisivo na coligação progressista no Parlamento Europeu.
Na Alemanha, a CDU – União Democrática-Cristã, da chanceler Angela Merkel, obteve 28% dos votos – uma vitória que lhe dá a maioria dos eleitos, apesar de uma queda de oito pontos em comparação com os resultados de 2014. Os Verdes, por outro lado, duplicaram a sua votação ficando em segundo lugar com 20%.
O partido Social-Democrata alemão, SPD, perdeu 12 pontos, obtendo 15,5% dos votos. O partido de extrema direita e anti-imigração Alternativa para a Alemanha, AfD, subiu 3,5 pontos, conquistando 10,8% do eleitorado.
Na Áustria, o partido conservador do chanceler Sebastian Kurz, OVP, venceu com 34,5%, registando um aumento de 7,5 pontos em relação a 2014. Os seus antigos parceiros de coligação, FPO, desceram dois pontos percentuais, recolhendo 17,5% dos votos.
PSOE ganha em Espanha
Os resultados das eleições europeias em Espanha apontam para uma vitória do PSOE, do primeiro-ministro Pedro Sánchez, com 32,82% dos votos, que obtém 20 do total de 54 eurodeputados que o país elege.
Na segunda posição, surge o Partido Popular, com 20,12% e 12 eurodeputados, seguido do o Ciudadanos, de direita liberal, com 12,23% e sete representantes. A coligação de Podemos (extrema-esquerda) e Esquerda Unida (comunistas) regista uma queda para os 10% dos votos e 6 representantes.
Farage e Salvini voltam a vencer
O recém-criado Brexit Party, de Nigel Farage, ganhou as europeias no Reino Unido, com mais de 31% dos votos. A grande surpresa da noite foi o segundo lugar por parte dos Liberais Democratas de Sir Vince Cable, antigo secretário de estado do Comércio e Indústria no governo de coligação de Cameron com 18,9% dos votos.
O Partido Conservador da primeira-ministra Theresa May, com apenas 12% dos votos, registou uma derrota histórica, juntando-se aos Trabalhistas como os grandes derrotados destas europeias.
Em Itália, o partido nacionalista e de extrema-direita Liga Norte, do vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, foi o mais votado, com pouco menos de 30% dos votos, deixando para trás o parceiro no governo, Movimento 5 Estrelas, ultrapassado também pelo Partido Democrático, de centro-esquerda, que obteve o segundo lugar, com 22% dos votos.
O Forza Italia, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, obteve 10% dos voto.
Derrota pesada para Tsipras
Na Grécia, o partido conservador Nova Democracia venceu com 33,2%, batendo o Syriza, do primeiro-ministro Alexis Tsipras, que registou 24%. Após a pesada derrota, Tsipras, cujo mandato em condições normais terminaria em outubro, anunciou que vai marcar eleições antecipadas.
Na Hungria, país que tem mantido conflitos institucionais com a União Europeia, o partido Fidesz, do primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orban, teve 56% dos votos.
O Direito e Justiça, PiS, partido no poder na Polónia, conseguiu a vitória frente a uma aliança de partidos da oposição. Os conservadores recolheram o apoio de 42,4% dos eleitores e obtendo 24 dos assentos no parlamento europeu, contra os 39% da Coligação Europeia, que obteve 22 assento.
Olhando para a realidade portuguesa:
Numa campanha em que se discutiu zero acerca da Europa; numa campanha marcada pelo ataque pessoal; numa campanha que esclareceu zero, esperavam o quê?
Olhando para o contexto europeu:
1 – O brexit paralisou a Europa;
2 – Europa que nunca se definiu: se é federal, confederal, ou outra coisa qualquer;
3 – O alargamento a Leste,no tempo e condições em que o foi, representa um erro crasso;
4 – Os problemas do défice de comunicação e défice democrático mantêm-se em larga medida e agravaram-se até nos últimos anos em face da crise económica primeiro, da crise das miagrações depois, e do brexit mais recentemente.
Neste contexto, esperam o quê?
O valor da abstenção em Portugal está falseado! Se nós somos menos de 10 M, como podem existir 10,7 M de eleitores? OK, os emigrantes também contam, mas mesmo assim desconfio que temos muitos eleitores com mais de 120 anos! Fui votar às 15h00 e a urna estava bem cheia (aliás, tive dificuldade em colocar o meu voto)! E maior parte das pessoas com quem falo foram votar! Claro que os ignorantes e os estúpidos não foram votar (preferem queixar-se do que correr com os políticos corruptos) mas talvez até seja melhor assim. Para quê dar voz a pessoas que não sabem o que é viver em demcracia?