As primeiras projeções aos resultados eleitorais geraram palmas e um ambiente efusivo por parte dos militantes do PS. O CDS é um dos grandes derrotados da noite e o PAN a surpresa.
As eleições para o Parlamento Europeu registaram este domingo em território nacional uma taxa de abstenção entre 65% e 70,5%, de acordo com as projeções televisivas. A sondagem da RTP/Universidade Católica aponta para uma taxa de abstenção entre 65% e 70%. A projeção da SIC situa a taxa de abstenção entre 66,5% e 70,5%.
De acordo com as primeiras projeções, o Partido Socialista venceu as eleições com uma votação que se situa entre os 30% e 34% dos votos,o que lhe permitirá assegurar entre 8 e 9 dos 21 eurodeputados que os portugueses elegem.
Em segundo lugar, o PSD obtém um resultado entre os 20% e 24%, com os quais elege entre 6 e 7 eurodeputados. Nas últimas europeias, os social-democratas tinham assegurado 7 eleitos.
Um dos vencedores da noite eleitoral é o Bloco de Esquerda com 8,5 a 11,5%, que reforça a posição do partido no Parlamento Europeu, aumentando o número de eleitos dos actuais um para 2 a 3 eurodeputados, e consolidando a sua posição como terceira força política portuguesa.
A CDU conseguirá manter os seus atuais 2 deputados, com uma votação que se deverá situar entre os 5,3% a 8,3%.
O grande derrotado da noite é o CDS-PP, partido de direita, que deverá obter entre 4,7% a 7,3%, e eleger entre 1 e 2 deputados, correndo o risco de ficar atrás do PAN-
A confirmarem-se as sondagens, a surpresa da noite é o PAN, Partido dos Animais e Natureza, que conseguirá eleger entre 1 a 2 eurodeputados, ao obter entre 4,3% a 7,3% da votação.
O Aliança, de Pedro Santana Lopes, não elege nenhum eurodeputado, segundo apontam as primeiras projeções.
Segundo a projeção da RTP, realizada em parceria com a Universidade Católica, o PS obterá entre 30% a 34% dos votos para o Parlamento Europeu, 10 pontos acima do PSD, cujos resultados apontam para entre 20% a 24% dos votos.
- PS: 30%-34% (8 a 9 deputados)
- PSD: 20%-24% (5 a 6 deputados)
- BE: 9%-12% (2 a 3 deputados)
- CDU: 7%-9% (2 deputados)
- CDS: 5%-7% (1 a 2 deputados)
- PAN: 4%-6% (1 deputados)
A projeção da SIC é muito semelhante, com o PS a obter entre 30,9 a 34,9% dos votos, mas esta garante oito a nove mandatos aos socialistas, contra os oito que alcançou nas europeias de 2014.
- PS: 30,9% – 34,9% (8 a 9 mandatos)
- PSD: 21,8% – 28,8% (6 a 7 mandatos)
- CDS-PP: 4,7% – 7,3% (1 a 2 mandatos)
- BE: 8,5%-11,5% (2 a 3 mandatos)
- CDU: 5,3%-8,3% (1 a 2 mandatos)
- PAN: 4,7%-7,3% (1 a 2 mandatos)
- Outros, brancos e nulos: 13,1%-16,1%
O PSD já concedeu a vitória ao PS, através do secretário-geral José Silvano, que diz que o partido vai ficar atento aos resultados até ao final da noite. As projeções, que apontam a derrota dos sociais-democratas, foram recebidas em silêncio na sala prevista para as declarações à imprensa, onde estavam apenas dirigentes locais e poucos deputados.
De acordo com o Parlamento Europeu, a participação nas eleições europeias de 2019 foi a maior dos últimos 20 anos, ficando próxima dos 51% – percentagem que fica muito longe da que deverá ser registada em Portugal.
“Clara derrota da direita”
A secretária-geral adjunta socialista, Ana Catarina Mendes, considerou que, a confirmarem-se as projeções divulgadas pelas televisões, se está perante uma “clara vitória do PS” e uma “derrota da direita”.
A “número dois” da direção do PS fez ainda uma referência aos parceiros que suportam o Governo no parlamento, BE e CDU (PCP e PEV), dizendo que as projeções também indiciam “um reforço” da esquerda em Portugal. Segundo a dirigente socialista, os resultados previstos refletem a campanha que o PS fez ao longo de seis meses, que mobilizou “todo o PS, de norte a sul” do país e a “confiança” dos portugueses no seu projeto.
Ana Catarina Mendes sublinhou que a vitória “clara” do PS dá ao partido “maior responsabilidade para continuar a devolver a esperança e a estabilidade aos portugueses. A secretária-geral adjunta aproveitou ainda para realçar que o sentimento em Portugal “não é um sentimento antieuropeu, onde possam crescer os populismos”.
CDU diz que “é um resultado expressivo”
Apesar da derrota, Manuel Rodrigues, da Comissão Política do Comité Central, veio junto dos jornalistas para afirmar que “o resultado expressa uma grande influência da CDU na sociedade portuguesa”. Segundo o Público, o dirigente repetiu várias vezes que se trata apenas de “projeções”.
Manuel Rodrigues referiu ainda que há cinco anos a CDU conseguiu um resultado histórico de 12,69% porque o país estava numa “conjuntura específica” com um Governo PSD/CDS e a aplicação do memorando do “pacto de agressão da troika”.
Gritos de alegria do PAN
A possível eleição de, pelo menos, um eurodeputado foi recebido na sede do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), em Lisboa, com gritos de alegria, o que a acontecer seria um “resultado histórico” para o partido fundado em 2009.
Os resultados das primeiras projeções das televisões foram visionados pelo porta-voz do partido e deputado André Silva e por Francisco Guerreiro, cabeça de lista ao Parlamento Europeu. Apesar da distância, os gritos de alegria do líder do PAN e do cabeça de lista ao Parlamento Europeu foram bem audíveis.
A dirigente Inês Sousa confirmou a satisfação do partido, afirmando que “isso significa que os portugueses se revêm na nossa forma de fazer política, e que é diferente dos partidos tradicionais, e também o descontentamento dos eleitores com essas forças políticas e mesmo com as famílias políticas europeias”.
Inês Sousa sublinhou que a diferença do PAN é ser um partido de causas, “por uma sociedade mais humana, mais justa e mais igualitária”, que “não se identifica com a esquerda ou a direita” tradicionais.
“Não foi o BE que contribui para a abstenção”
A primeira candidata do BE às europeias, Marisa Matias, afirmou que os bloquistas cumpriram todos os objetivos traçados e que não foi o partido que contribuiu para a abstenção, reiterando que “o mapa político à esquerda está a mudar”.
“Com esta eleição nós cumprimos todos os objetivos que traçámos porque há uma diferença em colocar números – que é uma falta de respeito por quem vota – e ter objetivos”, afirmou. “E os objetivos era sairmos reforçados e sermos a terceira política. Aqui estão e vamos responder às pessoas”, disse Marisa Matias, numa declaração perante uma sala cheia no Teatro Thalia, o quartel-general do BE para esta noite eleitoral.
Questionada pelos jornalistas, Marisa Matias reiterou que o “mapa político à esquerda está a mudar, o BE está a sair reforçado”. “Trabalharemos para que saia ainda mais reforçado e é inegável que houve uma derrota da direita nestas eleições”, acrescentou.
A cabeça de lista do BE foi perentória ao afirmar que “não foi o BE que contribui para a abstenção”, uma vez que fez uma campanha a falar dos temas europeus.
ZAP // Lusa