A circulação no troço da Rua do Ouro (marginal) sob a Ponte da Arrábida que tinha sido encerrado devido à queda de argamassa reabriu esta quinta-feira de manhã, segundo uma nota da Câmara Municipal do Porto.
Em comunicado, a autarquia adianta que a operação foi levada a cabo durante a noite e obrigou ao corte parcial do trânsito no tabuleiro da ponte, para que ali fosse estacionada uma plataforma para a realização dos trabalhos.
“A IP – Infraestruturas de Portugal, que é a entidade responsável pela ponte, procedeu a trabalhos de remoção controlada do betão destacado, de modo a impedir o desprendimento de novos blocos ou pedaços”, é referido na nota. A intervenção foi dada por concluída ao final da madrugada e a circulação foi restabelecida.
A Infraestruturas de Portugal, citada pela autarquia, refere que a situação, ocorrida na noite de terça para quarta-feira, “foi causada pelo desprendimento de fragmentos de betão/argamassa de revestimento das vigas do tabuleiro, os quais não constituem elementos estruturais da Ponte da Arrábida”.
A autarquia adianta ainda na nota que posteriormente serão feitos trabalhos de reparação relativamente à argamassa e que a IP vai elaborar um projeto de reparação geral na Ponte da Arrábida, que é já alvo de inspeções regulares pela própria IP e de acompanhamento pelo LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
A Câmara do Porto e a Proteção Civil continuam a acompanhar a situação em permanência e em articulação com a IP. Por precaução, o município procedeu, na terça-feira à noite, ao corte do trânsito, após a queda de pedaços de argamassa da Ponte da Arrábida.
Em declarações ao semanário Expresso, Adão da Fonseca, engenheiro e professor aposentado da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, considerou que a queda de fragmentos da ponte “não é normal”, mas o “aspeto geral do arco é bastante bom“.
O especialista e projetista da Ponte do Infante explicou que numa estrutura como esta e tendo em conta o passar do tempo criam-se “pequenas fendas no betão”, que permitem que oxigénio e água “cheguem às armaduras”, colocadas três ou quatro centímetros para lá da superfície – e aí começa a erosão.
“Esta queda é inerente ao avanço da corrosão”, sustentou o especialista, dizendo que, no fundo, “é como as pessoas”, a passagem do tempo pode trazer mais problemas.
“Se isto fosse normal teríamos notícias deste género todos os dias”, sublinha, observando contudo que a estrutura da ponte não parece ameaçada. “Quando passo lá não analiso com olhos de inspetor, mas o aspeto geral do arco é bastante bom. Que eu saiba, é a primeira vez no historial desta ponte que tal acontece”.
A Ponte da Arrábida é Monumento Nacional desde 2013.
ZAP // Lusa