O empresário Joe Berardo não quis entregar a coleção de arte como forma de pagamento para a reestruturação dos créditos que celebrou com a Caixa Geral de Depósitos, o BCP e o Novo Banco.
Joe Berardo chegou a propor, de acordo com o Correio da Manhã, vender os quadros mais valiosos e entregar aos três bancos credores as obras menos valiosas.
A decisão de Joe Berardo impediu a chegada a um acordo para reestruturar os créditos com os três bancos, que perdoariam os 962 milhões de euros de dívida Metalgest e da Fundação Berardo caso o empresário lhes entregasse a coleção de arte por completo. Porém, segundo o CM, “os bancos ficavam com migalhas” caso a proposta de Joe Berardo fosse avante.
As negociações foram finalizadas em março e abriu-se uma ação executiva no 3º Juízo de Execução de Lisboa em abril. O CM diz que os advogados dos bancos vão tentar chegar à coleção pessoal de Joe Berardo invocando a “desconsideração da personalidade jurídica” da Metalgest e da Fundação Berardo.
Num acordo inédito, CGD, BCP e Novo Banco juntaram-se para reclamar dívidas de Joe Berardo, entregando no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa uma ação executiva para cobrar quase 1.000 milhões de euros, executando ainda a Fundação e duas empresas ligadas ao empresário madeirense.
Um dos objetivos da cação é aceder às obras de arte da Coleção Berardo – o empresário tem um acordo com o Estado que determina que as obras de arte que estão em exposição no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, até 2022, não podem ser vendidas. Segundo o CM, Joe Berardo só tem diretamente em seu nome uma garagem localizada na Madeira.
Os créditos concedidos pelos bancos a Joe Berardo serviram sobretudo para financiar a compra de ações do BCP, no âmbito da guerra de poder que se viveu no banco em 2007. Como garantia dos créditos, o empresário deu precisamente as ações do BCP que estava a comprar com os empréstimos, que entretanto desvalorizaram significativamente gerando perdas avultadas para a CGD.
A essa estratégia, Eduardo Paz Ferreira, antigo presidente do conselho fiscal da Caixa, chamou de “operação kamikaze” na comissão de inquérito ao banco.