//

Matar dois coelhos de uma cajadada. “Jogada de alto risco” de Costa aponta a eleições em Julho

16

António Cotrim / Lusa

A ameaça de demissão do Governo feita por António Costa, depois de PSD, CDS, Bloco de Esquerda e PCP terem aprovado o descongelamento do tempo de serviço dos professores, é uma “jogada de alto risco” que pode vir a dar frutos ao PS.

Foi Mário Centeno quem forçou a ameaça de demissão do Governo, depois de ter garantido que deixaria o Governo se a lei que descongela o tempo de serviço dos professores vier a ser aprovada em votação final no Parlamento.

O alerta do ministro das Finanças, preocupado com as contas públicas, levou António Costa a colocar a demissão do Governo em cima da mesa, conforme reporta o Sol na sua edição impressa deste sábado.

A “jogada de alto risco” visa “ganhar a confiança do eleitorado do PSD para crescer ao centro e tentar (pelo menos tentar) a maioria absoluta”, como analisa o Expresso.

O primeiro-ministro antecipa-se a uma decisão do Presidente da República, que poderia vetar ou não o diploma, depois de o mesmo ser aprovado no Parlamento neste mês de Maio. E também não coloca a Lei nas mãos do Tribunal Constitucional, para avaliar uma eventual inconstitucionalidade.

Costa joga tudo no Parlamento que vai ser o palco da decisão final aquando da votação global da medida. É o mesmo que dizer que atira para os partidos da oposição, à esquerda e à direita, a responsabilidade pelo que vier a suceder.

Em qualquer dos cenários, o Governo ficará sempre a ganhar. Se a Lei for aprovada, “o PSD e o CDS serão os partidos irresponsáveis” que “prometeram aos professores aquilo que o país não podia pagar”, como analisa João Miguel Tavares no seu artigo de opinião no Público. A esquerda surgirá como a “culpada” pela queda do Governo, manifestando uma “cumplicidade traiçoeira com a direita”, ainda segundo o cronista.

Se, por outro lado, houver um recuo, quer à direita, quer à esquerda, o Governo socialista sairá como vencedor do braço-de-ferro.

Mas depois das declarações feitas por elementos de PSD, CDS, Bloco e PCP, qualquer recuo parece improvável. Assim, estaremos perante uma previsível queda da “geringonça” ao cabo de cerca de três anos, com um cenário de eleições antecipadas a ocorrerem já em Julho.

Com a ruptura da “geringonça”, será impossível um novo acordo entre PS, Bloco e PCP – a não ser que Costa faça um “milagre”! A maioria absoluta é, desta forma, a esperança dos socialistas para poderem continuar a governar confortavelmente.

Marcelo apanhado de surpresa

No meio desta crise política, Marcelo Rebelo de Sousa foi apanhado de surpresa, como constata o Expresso. O Presidente da República continua em silêncio, mas para o professor de Ciência Política, António Costa Pinto, o seu papel vai ser fundamental.

“Esta é uma conjuntura onde o Presidente, que é o garante das instituições políticas portuguesas, tem o primeiro desafio sério da sua Presidência desde que apoiou a formação do Governo e a sua estabilidade”, considera Costa Pinto em declarações à TSF.

Centeno acusa esquerda de se deixar ultrapassar pela direita

Em entrevista à SIC, depois da ameaça de demissão do Governo, Centeno deixou críticas à esquerda e à direita, falando de “demagogia” e salientando que até Mourinho e Guardiola discutem “mais as tácticas das suas equipas do que aqueles partidos discutiram a educação, em Portugal, em conjunto”.

Aos aliados da “geringonça”, o ministro deixa a farpa maior, salientando que a esquerda se “desviou para ser ultrapassada pela direita”.

“É muito estranho ver a direita em Portugal, que tinha para si os cânones da responsabilidade orçamental, tomar decisões como esta”, acrescenta ainda Centeno numa crítica que tem o PSD de Rui Rio como principal alvo.

Incisivo, o titular da pasta das Finanças constata que é “uma falta de respeito pelos eleitores, pelos contribuintes, por todos os portugueses”, aprovar uma Lei que implica um “impacto orçamental claríssimo”, levando a despesa a crescer de “240 para 800 milhões de euros”.

Centeno critica ainda que o diploma “não tem nenhum faseamento” e que se baseia no “princípio da irresponsabilidade de consumir hoje pensando que não temos de pagar no futuro”. “Esconde a despesa e coloca-a manhosamente no futuro“, conclui.

SV, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

16 Comments

  1. A “jogada de alto risco” visa “ganhar a confiança do eleitorado do PSD para crescer ao centro e tentar (pelo menos tentar) a maioria absoluta”, como analisa o Expresso.

    Nem mais.
    E acho que funciona… se o Marcelo deixar.

    • Estão todos rotos. Todos sem excepção. Então, o PS está uma manta de retalhos, no seu interior. Já a maioria do partido culpa Costa por ter feito casamento com os ultras da esquerda. Nem o aconchego familiar no seio do governo, safa um governo já à deriva.

  2. E, no meio destas confusões constantes de sucesso os governos, os funcionários públicos (professores neste caso) é que são os maus da fita e armas de arremesso políticas. São uns INTRUJÕES!!!

  3. E as 35h na função pública ou o IVA na restauração? Dessas irresponsabilidades do governo ninguém fala?

    • Até o prometido abaixamento do IVA nas bebidas da restauração, ficou em águas de bacalhau. São uns mentirosos, esta corja. E o imposto sobre os combustíveis, que era temporário, quando acaba ?
      São uns INTRUJÕES !!!

  4. Maioria absoluta????? rsrsrsrsrrsrsrrsrsrsrrs:
    O costa nem depois de o passos ter esmifrado os portugueses com impostos conseguiu ganhar eleições, como é que agora há de ganhar com maioria absoluta?

    • O Costa perdeu as eleições, porque sabe que aquilo que nós passámos foi obra do partido socialista, pelas mãos de Sócrates, que deixou o país hipotecado à Troika. Ao Passos Coelho, sem culpa disso, teve que aguentar com a fava em cima e nós tivemos que suportar os custos desse abismo socrático.

    • O Portugal neste estado deve-se à miséria que Sócrates fez. Não foi Costa nem Passos, foi esse miserável Sócrates que rebentou o país e que nos vai custar a todos durante muitos anos.

      • Porque toda a politica de não contenção, a redução de horas de trabalho na função publica, os investimentos em obras publicas entre outras medidas de um pais a respirar saude financeira também foi obra do outro.

        Deixe la que o pais vai ter pagar novamente o brilhante trabalho econômico da geringonça, em breve se chegará a conclusão de que milagres só o Fatima

  5. Esta coisa dos “direitos” dos professores já me mete nojo.
    Ninguém fala daqueles que perderam o emprego e, alguns, por esse motivo, até as casas perderam.
    Ninguém fala daqueles que se viram obrigados a serem sustentados pelas parcas reformas dos pais, como se de uma esmola se tratasse, por verem o seu posto de trabalho desaparecer.
    Ninguém fala daqueles que foram obrigados a emigrar, por “sugestão” do coelhinho, se queriam ter trabalho e sobreviver. Atenção que não estou a falar em emprego, isso têm os FP, estou a falar em trabalho, tão mal pago como um engenheiro, se queria trabalhar neste país, ter que aceitar o salário mínimo.
    O que é que os funcionários públicos perderam? Os aumentos resultantes das progressões na carreira? Grande coisa, mas mantiveram os empregos. E até já foram agraciados com horário de 35 horas semanais, possibilidade de reforma antecipada para os 55 anos, estas e outras regalias que nem sequer foram equacionadas para os privados. Até no salário mínimo estão beneficiados, mais 35€ que os privados
    Tristeza de país este em que uns têm direitos e os outros apenas deveres, dever de pagar impostos para que uns espertos vivam “à grande e à francesa”.
    Para quando uma justiça social para todos?

    • certinho e direitinho , temos os de 1ª e de 2ª, exemplo, eu 30 anos na mesma firma progressão zero, crise , corte de 200 € , 60 de idade 47 de descontos,
      so me posso reformar sem cortes com 63 anos e 10 meses, ou seja 50 anos e 10 meses de descontos, onde para a justiça e igualdade !… e´a vida

    • Muito bem! Até que enfim alguem que realmente pensa!

      E mais – nunca correram o risco de perder o emprego – nunca receberam o ordenado atrasado!

      E ainda mais – SÃO OS QUE PERDERAM O EMPREGO QUE AGORA VÃO REPOR AS REGALIAS EXAGERADAS DESTES SENHORES!! RAIOS QUE OS PARTAM!

  6. O Costa e Centeno têm toda a razão. Roma e Pavio não se fizeram num dia. Mas os Portugueses são mesmo Salazarentos e esta esquerda são UNS OPORTUNISTAS SÓ PENSAM EM NÃO PERDER O LUGAR NO parlamento E MAIS UMA VEZ FICAM AO LADO DA direita RESPONSÁVEL POR TUDO O QUE Está A ACONTECER EM Portugal

    • O Portugal neste estado deve-se à miséria que Sócrates fez. Não foi Costa nem Passos, foi esse miserável Sócrates que rebentou o país e que nos vai custar a todos durante muitos anos.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.