Apesar de o Oceano Índico ser um dos maiores depósitos de resíduos plásticos de todo o mundo, o local onde estes permanecem continua a ser um mistério. Uma equipa de cientistas da Universidade da Austrália Ocidental (UAW) rastreou estes materiais e concluiu que o lixo em “falta” é desviado para outros oceanos.
Os cientistas consideravam que havia ainda poucos estudos sobre a quantidade e o percurso que os resíduos plásticos do Índico tomavam e, por isso, estudaram dados de 22.000 bóias de deriva que se encontram dispersas por todos os oceanos desde 1979.
Tal como é explicado na nova investigação, cujos resultados foram esta semana publicados na revista Journal Geophysical Research: Oceans, os cientistas tinham como objetivo simular as rotas que poderiam “esconder” os resíduos. A análise dos dados revelou que o Oceano Índico não acumula resíduos plásticos devido ao vento e à ondulação da zona.
“Tendo em conta que grandes quantidades de resíduos plásticos entram muito provavelmente no Oceano Índico, uma questão importante passava por saber o que acontece com estes resíduos que não acabam numa ilha de plástico”, escreveram.
Chari Pattiaratchi, um dos autores do estudo, recordou que a cada ano chegam ao Oceano Índico cerca de 15 milhões de toneladas de resíduos plásticos, quantidade que pode mesmo duplicar até 2025. Tendo em conta a enorme quantidade de resíduo, importava saber qual era o seu destino final.
A autora principal do estudo, Mirjam van der Mheen, explicou que os ventos do sul do Índico são mais fortes do que os do Pacífico ou do Atlântico e, por isso, acabam por transportar o plástico flutuante para oeste do oceano, onde o lixo passa pela África do Sul e entra a sul do Atlântico. No que respeita ao norte do Índico, o lixo pode acumular-se na baía de Bengala ou acabar nas praias, arrastado pelo ventos e correntes.
“O nosso estudo mostra que as características atmosféricas e oceânicas do Índico são diferentes das outras bacias oceânicas e que pode mesmo não haver área específica onde o lixo esteja concentrado”. Por isso, concluiu a cientista, o mistério do plástico “em falta” no Índico avizinha-se “ainda maior”.