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Portugal é o segundo país europeu que mais água gasta per capita

Cada pessoa necessita, em média, cinco litros de água por dia para o básico: beber e cozinhar alimentos. Para uma qualidade de vida e níveis sanitários equilibrados em comunidade, são necessários em média 80 litros de água por dia.

Mesmo em períodos de seca, como o que agora se verifica em Portugal, os hábitos de consumo de água só diminuem por força da condição. Globalmente, os padrões de consumo de água têm aumentado de forma gradual e ininterrupta desde pelo menos 1980.

De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, citada pelo Expresso, o consumo mundial de água tem desde esse período aumentado a um ritmo anual de 1%, o que significa obviamente que o consumo global de água aumentou até à data 39%, acompanhando o aumento populacional e o desenvolvimento socioeconómico das populações em geral, que em combinação foram alterando os padrões de consumo de água, sendo que a Europa não foge à regra, assim como Portugal.

Segundo os mesmos dados, as previsões apontam para que esta tendência de aumento de consumo se mantenha “estável” pelo menos até 2050, representando nesse futuro próximo um aumento planetário de consumo de água em 70% desde a data barómetro.

No mundo, mais de dois mil milhões de pessoas vivem em países com elevados níveis de stresse hídrico. Perto de quatro mil milhões sofrem escassez severa de água pelo menos durante um mês por ano. As previsões não são otimistas. O stresse hídrico, enquanto flagelo social, continuará a alastrar em muitas regiões do globo e a agudizar em muitas outras onde já é realidade.

A procura global da água só irá intensificar-se, intensificando com esta os níveis e as zonas atingidas pelo stresse hídrico, que a AEA não tem dúvidas em classificar como ameaça planetária. Três em dez pessoas não tem acesso a água potável, consumindo água considerada não segura.

Mais de metade destas pessoas está concentrada numa região específica: a África subsariana. No planeta, seis em cada dez pessoas não tem ainda acesso a condições sanitárias básicas.

Quando se fala de água, depois das secas, o maior problema são as inundações. Na Europa, 18% da água captada destina-se ao abastecimento público; 30% é usada na agricultura (irrigação), 14% na indústria; 38% na produção de energia hidroelétrica e na refrigeração. No consumo doméstico, Portugal é membro na lista de países considerados em “stresse hídrico”.

Por outro lado, Portugal é o segundo país da Europa com maior taxa de consumo per capita de água, só ultrapassado pela Noruega, onde cada pessoa gasta em média 200 litros de água por dia.  É na Noruega que se encontra a segunda maior disponibilidade de água doce da Europa, só atrás da Islândia.

Portugueses e gregos gastam em média por dia 187 litros de água, sendo que no caso português o consumo doméstico representa, por pessoa, um gasto diário de 124 litros de água.  É no distrito de Lisboa que se consome mais água por pessoa diariamente em todo o país: 281 litros. No entanto, é em Évora que o consumo doméstico é mais elevado: 175 litros de água por pessoa por dia.

É em Viana do Castelo que se verifica o menor consumo per capita: 144 litros de água por dia, correspondendo o consumo doméstico a 101 litros por dia. O consumo no Algarve, que atualmente se encontra oficialmente em situação de “seca extrema”, é de notar. Em Faro, o consumo médio diário de água por pessoa é de 243 litros.

Pela Europa, a Suécia — quarto país europeu com mais recursos hídricos de água doce, depois da Finlândia —, fica em terceiro em matéria de consumo por pessoa. Cada sueco gasta em média 160 litros de água por dia. Seguem-se os franceses, com 151 litros de água por dia. Cada suíço consome 142 litros de água diários; cada romeno 138 litros, um litro a mais do que consomem espanhóis e austríacos. São os eslovacos os que menos água gastam por dia na Europa, três vezes menos que um português: 58 litros.

Em Portugal, o foco de preocupação não está na qualidade, mas na quantidade da água, problema que se agrava com as ausências cada vez mais prolongados de precipitação. As últimas décadas têm provado à saciedade o quanto muitos países europeus se encontram vulneráveis aos baixos valores de precipitação. Os países do sul são os mais atingidos.

ZAP //

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