O presidente do Sindicato Unificado da PSP, que iniciou na terça-feira uma greve de fome, teve de ser transportado para o hospital e os dirigentes sindicais decidiram terminar o protesto, disse à Lusa uma fonte sindical.
Peixoto Rodrigues estava em greve de fome há quatro dias em frente ao Palácio de Belém em defesa dos profissionais da polícia e para exigir garantias do Governo em resposta a várias reivindicações.
Ao longo dos dias, o dirigente sindical foi apresentando “sinais de cansaço” e, na sexta-feira, ao final do dia, começou a sentir alguma fraqueza nas pernas, mas quis permanecer no local, relatou à agência Lusa o presidente da Federação Nacional dos Sindicatos da Polícia (Fenpol), Pedro Magrinho.
“Ao longo da noite começou a ficar com bastantes dores de cabeça, muita sonolência e uma aparente descoordenação da fala. Isto criou alguns alertas perante os elementos que o acompanhavam no local e decidiu-se chamar o 112 para perceber se a sintomatologia estaria associada ao facto de ele não estar a ingerir alimentos sólidos”, adiantou.
O INEM deslocou-se ao local, tendo sido aconselhada a sua ida para uma unidade hospitalar para fazer um conjunto de exames, continuou Pedro Marinho, que ainda não tinha informação sobre se Ernesto Peixoto Rodrigues já tinha tido alta hospitalar.
Segundo revelou Pedro Magrinho ao Observador, o presidente do Sindicato Unificado da PSP foi transportado para o hospital São Francisco Xavier, onde realizou “vários exames e teve alta ao princípio da manhã“. Agora, terá de permanecer em “repouso absoluto por um período de oito dias“, revelou em declarações ao jornal.
O dirigente sindical adiantou que, com a ida de Peixoto Rodrigues para o hospital, os elementos que o acompanhavam decidiram “levantar todo o material que estava no local para tentar desta forma que não continuasse a colocar a sua própria saúde em risco”.
“Ao tirarmos o nosso apoio do local também seria uma forma do Peixoto Rodrigues perceber que as coisas têm algumas limitações e não basta querer continuar, tem que perceber que os colegas não querem que ele continue, porque esta não será a forma de continuar atrás dos direitos dos polícias beliscando a própria integridade física”, salientou.
Pedro Magrinho adiantou que durante os quatro dias de protesto “a única entidade” que tentou perceber as motivações de Peixoto Rodrigues foi a Presidência da República, através de duas assessoras que ouviram as razões que o levaram a fazer o protesto.
De resto, nem uma palavra do Presidente da República, do ministro da Administração Interna, do primeiro-ministro ou do diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), lamentou.
Quatro dias de greve
No dia em que iniciou a greve, Peixoto Rodrigues disse à Lusa que só havia duas formas para terminar a greve de fome ou “abstenção à ingestão de alimentos sólidos”: ter “garantias da tutela para resolução” das reivindicações dos profissionais ou “ter problemas de saúde e ter de ser hospitalizado”.
Os profissionais contestam o incumprimento de uma decisão do Supremo Tribunal Administrativo que condenou o Estado a pagar os suplementos remuneratórios desde 2010 durante os períodos de férias.
Outra das exigências é o aumento imediato do suplemento por serviço nas forças de segurança, bem como a indexação dos suplementos de serviço, partilha, turno, piquete e comando à remuneração principal de cada elemento policial.
A Fenpol quer ainda a “revisão imediata” do fator de sustentabilidade aplicado aos profissionais da PSP que se aposentaram em 2014 e 2015, que causou uma perda do valor da pensão de aposentação.
Os profissionais também contestam a existência de dois subsistemas (Caixa Geral de Aposentações e Segurança Social) consoante os elementos da PSP foram incorporados até final de 2005 ou a partir de 2016, o que impõe regras distintas aos profissionais.
ZAP // Lusa