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Neonazis indiciados por terrorismo pela primeira vez em Portugal. Chefe da PSP recrutou centenas

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Lei do terrorismo aplicada a quatro dos seis detidos do MAL. Era o chefe da PSP que avaliava o grau de radicalização dos candidatos antes da sua integração na milícia armada — e isso também é inédito.

É a primeira vez que acontece no país: esta semana, a lei do terrorismo foi aplicada a um grupo de ideologia neonazi. Também foi a primeira vez que um polícia foi indiciado por crimes ligados a grupos neonazis.

O caso envolve o Movimento Armilar Lusitano (MAL), a milícia de extrema-direita que foi recentemente desmantelada pelas autoridades,que detiveram seis suspeitos, quatro dos quais — incluindo um agente da PSP — estão formalmente indiciados por terrorismo, naquela que foi a maior operação de sempre do género em Portugal.

O MAL operava como uma organização armada com forte discurso anti-imigração e estrutura descentralizada, com células em vários pontos do país. A investigação das autoridades revelou que o grupo recrutava prioritariamente indivíduos com treino militar ou pertencentes a forças de segurança com o objetivo de criar uma milícia armada, cujos planos passavam também por invadir o Parlamento.

Entre o material apreendido encontravam-se armas de fogo, explosivos e até armamento perigoso fabricado com impressoras 3D, que deu o nome à operação, “Desarme 3D”, da Polícia Judiciária (PJ).

Entre as apreensões estariam também vários livros de Adolf Hitler e autocolantes e bandeiras do grupo neonazi Grupo 1143 liderado por Mário Machado.

Segundo o Jornal de Notícias, os candidatos à milícia eram submetidos a um processo de seleção rigoroso e específico. Tinham de preencher fichas detalhadas com informação pessoal e militar, responder a questionários online e comparecer a entrevistas presenciais conduzidas pelo chefe do grupo — um agente da PSP entretanto detido.

Era o chefe da PSP que avaliava o grau de radicalização dos candidatos antes da sua integração em grupos fechados na aplicação de mensagens encriptadas Telegram, e que depois eram distribuídos por “bolsas de resistência” espalhadas pelo território nacional.

PJ

Apreensões resultantes da operação “Desarme 3D”, a maior de sempre do género em Portugal.

Segundo o Correio da Manhã, o chefe da PSP é Bruno Gonçalves e é ex-sargento do exército; e já tinha estado envolvido numa grande polémica em 2013, por matar um jovem de 18 anos, numa perseguição policial em Campolide. O processo seria arquivado por se considerar que o tiro do PSP foi feito em “legítima defesa”.

Segundo o diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, assiste-se, neste momento, a um “recrutamento de camadas cada vez mais jovens através da Internet”, assentes em fake news e manipulação.

Recorde-se que o grupo já tinha sido notícia em 2020, quando o “grupo de Lusitanos que enaltece Portugal e os Portugueses patriotas” foi referenciado nas manifestações dos coletes amarelos e no desfile racista com máscaras a imitar o Ku Klux Klan, junto ao SOS Racismo, que já levou à abertura de um inquérito-crime.

Na altura, A Polícia Judiciária Militar (PJM) esteve a investigar documentos confidenciais da Marinha na página da organização agora sob fogo, publicados sob um perfil falso de um militar da Marinha.

ZAP //

2 Comments

  1. Pois claro, embora muitos idiotas tentam comparar a estrema esquerda a estrema direita!
    Mas a diferença está a vista!!!

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