Novo estudo revela que criança enterrada no cemitério mais antigo de que há registos era afinal um híbrido entre Neandertal e Homo sapiens.
Há pouco mais de 100.000 anos, grupos de humanos pré-históricos no Levante começaram subitamente a enterrar os seus mortos. Ou terá sido antes disso?
Assim sugere uma nova análise ao corpo de uma criança enterrada na Gruta de Skhul, atual Israel, há cerca de 140.000 anos, no cemitério mais antigo de que há registos.
Na altura em que foi estudada, esta criança foi classificada como pertencente a uma fase de transição entre as duas linhagens.
No entanto, nem todos estão convencidos de que a criança de Skhul pertença ao Homo sapiens, especialmente devido às semelhanças que alguns ossos apresentam com os de crianças Neandertais da França e Espanha, explica a IFLS.
O novo estudo, publicado no próximo número da revista L’Anthropologie, descreve a nova análise — os cientistas usaram agora tomografias computorizadas (CT scans) do neurocrânio e da mandíbula, e criaram o primeiro modelo 3D do labirinto ósseo do ouvido interno.
Os investigadores descobriram desta forma que “enquanto o perfil geral da abóbada craniana reconstruída, na vista posterior, corresponde ao Homo sapiens, a mandíbula tem uma forma semelhante à dos Neandertais”. Assim, concluem que “a combinação de características vistas na criança de Skhul pode sugerir que esta criança era um híbrido“.
“Portanto, ao contrário do paradigma predominante, as práticas mortuárias mais antigas conhecidas que envolvem enterramentos não podem ser atribuídas exclusivamente ao Homo sapiens em detrimento do Homo neanderthalensis”, escrevem os autores.
“O facto de a criança de Skhul não poder ser alocada nem ao Homo sapiens nem ao Homo neanderthalensis, mas sim a um jovem híbrido, contribui para a investigação fundamental em paleocognição dedicada ao comportamento emocional e ao surgimento da mente simbólica”, acrescentam.