A medicina regenerativa começa a tornar-se mais palpável. Pela primeira vez, uma equipa de cientistas conseguiu regenerar parcialmente dedos amputados em cobaias. O segredo da regeneração pode estar guardado num par de proteínas.
Numa nova experiência levada a cabo em ratos de laboratório, os cientistas concluíram que o tratamento de ferimentos de amputação em cobaias recém-nascidas com a proteína BMP2 estimula a ossificação endocondral (o desenvolvimento do esqueleto em fetos) para conseguir regenerar o osso afetado.
Logo em seguida, e tal como é descrito num novo artigo esta semana publicado na revista especializada Nature Communications, perceberam que uma outra proteína, a BMP9, estimula a renegação da articulação sinovial, que se junta ao osso do membro amputado.
Segundo os autores, o uso de ambas as proteínas foi efetivo na regeneração do osso e das articulações. Os cientistas sustentam ainda que os resultados obtidos mostram que é possível usar o tratamento para obter uma resposta regenerativa a uma ferida de amputação. “As estruturas regeneradas incluem um elemento esquelético alinhado com a cartilagem articular e demonstramos que esta resposta requer o gene Prg4“, afirmaram.
Apesar de o procedimento experimental não ter conseguido levar a cabo uma regeneração completa dos dedos das cobaias, os cientistas mostram-se otimistas e espera que o tratamento em causa possa, no futuro, vir a ajudar a recuperar membros amputados em humanos, uma vez que a estrutura do esqueleto humano é semelhante à de um rato.
Um dos autores do estudo, Ken Muneoka, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, disse em declarações à New Scientist que a experiência mostra que as células dos mamíferos sabem como e o que regenerar. “[Os mamíferos] podem fazê-lo, mas não o fazem e, por isso, temos de descobrir o que os está a limitar”, concluiu Muneoka.
A regeneração humana continua a ser um “sonho” da comunidade científica e médica, que procura replicar os processos regenerativos de alguns animais, como é o caso do axolote, considerada uma “super-salamandra” devido às suas capacidades quase sobrenaturais.