Mulher vai dar à luz bebé com material genético de três pessoas

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Uma mulher com problemas de fertilidade conseguiu engravidar através de uma técnica de fertilização in vitro que usa material genético da mãe, do pai e de uma mulher dadora.

A chamada transferência de fuso materno (MST) foi aplicada a uma mulher grega, de 32 anos, num ensaio clínico piloto. A técnica consiste em extrair do núcleo de um ovócito de uma dadora com mitocôndrias saudáveis, substituindo-o pelo núcleo de um ovócito da mãe do bebé. Depois, fertiliza-se o ovócito com o espermatozóide do pai e implanta-se no útero da mulher com infertilidade, neste caso da mulher grega.

Está agora preparada para dar à luz um rapaz depois de ter participado num estudo piloto levado a cabo na Grécia. O estudo incluirá ainda outras 24 mulheres”, refere o comunicado do Parque Científico de Barcelona sobre este trabalho.

Além disso, os cientistas em Espanha e na Grécia envolvidos neste projeto, adiantaram que, com esta técnica, se conseguiram obter embriões de oito mulheres que também tinham problemas de infertilidade, embora não tenham sido transferidos. O português Nuno Costa Borges, diretor científico da empresa Embryotools e um dos investigadores envolvidos neste projeto, adiantou que podem ser transferidos “a qualquer momento”.

Este tipo de situações são frequentemente apresentadas como “um bebé com três pais“. No entanto, o especialista português recusa usar esta expressão e argumenta que é exagerada e sensacionalista.

“A única coisa que a dadora transmite é o citoplasma [onde estão as mitocôndrias] do ovócito”, refere.Apesar de haver, de facto, a participação de três pessoas, o bioquímico afirma ser um exagero dizer que o bebé é filho de três pais porque o ADN do dador representa menos de 1% do total do ADN do bebé.

Segundo o Público, este projeto dura já há cinco anos e tem passado por várias fases de validação. Primeiro, fizeram-se testes em ratinhos; depois, fez-se a pré-avaliação clínica de vários ovócitos humanos doados para investigação; e agora, por fim, passou-se para os ensaios clínicos, que já tinham tido a permissão das autoridades gregas em 2016.

Gloria Calderón, diretora da Embryotools, é mais cautelosa. “A transferência de fuso materno é uma técnica experimental que está num processo de validação. Como tal, devemos ser prudentes. Não se pode incorporar na rotina de qualquer clínica de reprodução assistida de um dia para o outro.”

Ao diário, Nuno Costa Borges adiantou que o artigo científico sobre os testes em ratinhos está em revisão e os resultados têm sido divulgados em congressos científicos. O artigo sobre o ensaio clínico está em fase de preparação.

ZAP //

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