Um país, dois Presidentes. Juan Guaidó, líder do parlamento e opositor de Nicolás Maduro, autoproclamou-se nesta quarta-feira Presidente interino da Venezuela. Maduro reagiu quase de imediato, recusando sair do poder e acusando os Estados Unidos de encabeçar um golpe contra o seu Governo.
Durante um comício no leste de Caracas, e perante milhares de pessoas, Guaidó, de 35 anos, mostrou-se disponível para assumir a presidência do país até que novas eleições sejam marcadas. Recorrendo a vários artigos da Carta Magna Venezuelana, Guaidó fez os manifestantes jurarem comprometer-se em “restabelecer a Constituição da Venezuela”.
“Hoje, dou um passo com vocês, entendo que estamos numa ditadura“, vincando saber que a sua autoproclamação “terá consequências”.
O líder legislativo dirigiu-se a Nicolás Maduro, sublinhando que “aos que estão a usurpar o poder, digo, com o grito de toda a Venezuela: vamos insistir até que regresse a água e o gás, até que os nossos filhos regressem, até conseguir a liberdade”. “Não se trata de fazer nada paralelo”, vincou, dando conta que tem “o apoio da gente nas ruas”.
Os Estados Unidos, liderados por Donald Trump, foram o primeiro país a reconhecer a legitimidade de Guaidó como Presidente interino da Venezuela. Maduro não tardou a reagir, anunciando quase imediatamente o rompimento de relações com os norte-americanos.
Em declarações a partir do palácio presidencial de Miraflores, e com uma vasta multidão de apoiantes, o Presidente venezuelano apontou o dedo aos Estados Unidos, acusando o país de “intervencionismo”. “Decidi romper as relações diplomáticas e políticas com o governo imperialista dos Estados Unidos”, disse Nicolás Maduro.
“Chegamos a este Palácio Presidencial, há vinte anos, com o voto do povo. Estivemos e estaremos neste Palácio Presidencial com o voto do povo, que é o único que elege um Presidente Constitucional na Venezuela”, afirmou, recusando abandonar o poder: “Só o povo põe aqui, só o povo tira“. “Não queremos voltar ao século XX de intervenção dos gringos, de golpes de Estado. E povo venezuelano disse não à subversão, não ao intervencionismo, não ao imperialismo”, reiterou.
Maduro fez também saber que os diplomatas norte-americanos tem 72 horas para abandonar o território, decisão que os Estados Unidos já adiantaram que não vão cumprir. O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse na quarta-feira que vai manter a equipa diplomática na Venezuela e instou as Forças Armadas venezuelanas a protegerem os cidadãos norte-americanos.
Pompeo, que se dirigiu a Maduro como ex-Presidente, apontando que o mesmo “não tem autoridade legal para romper relações com os Estados Unidos ou declarar de ‘personas não gratas’ os diplomatas norte-americanos”.
“Os Estados Unidos mantêm relações diplomáticas com a Venezuela e vamos realizá-las por meio do Governo interino de Guaidó, que convidou a nossa missão a permanecer na Venezuela”, assegurou o secretário de estado norte-americano.
Quanto à autoproclamação, Nicolás disse que “compete aos órgãos de justiça atuar de acordo com a lei e os códigos da Venezuela, já que cabe à justiça preservar o Estado, a ordem democrática e a lei venezuelana”.
Depois de os Estados Unidos foram vários os países que reconheceram o Presidente interino: Brasil, Argentina, Equador, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Paraguai e Peru posicionaram-de ao lado de Guaidó. Em sentido oposto, Bolívia, China, Cuba, México, Nicarágua, Rússia e Turquia.
Tempo de maduro acabou, diz Santos Silva
Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, afirmou o seu pleno respeito “à vontade inequívoca” mostrada pelo povo venezuelano, esperando que Nicolas Maduro “compreenda que o seu tempo acabou”. “Apelamos para eleições livres, para que Maduro compreenda que o seu tempo acabou, porque não pode ignorar a vontade do povo e a Assembleia Nacional tem de ser respeitada”, disse o ministro à agência Lusa.
“Seguirão outras tomadas de posição”, disse, frisando que Portugal, à semelhança da União Europeia, acompanha minuto a minuto o que se passa no país.
Até ao momento, CDS e PSD apelaram ao Governo português para que reconheça Juan Guaidó como presidente da Venezuela. Também o PS defende a realização de eleições livres e democráticas. Em sentido oposto, o PCP condenou a “operação golpista” levada a cabo pelos Estados Unidos lamentando ainda o “seguidismo” do Governo português.
Lisboa e Porto reagiram também, durante esta manhã, à tomada de posição de Juan Guaidó. Na Invicta, duas centenas de pessoas, maioritariamente estudantes, concentraram-se na praça da Liberdade, pedindo ao Governo português que “tome uma posição” em relação à situação que se está a viver na Venezuela. Na capital, dezenas de venezuelanos e portugueses que viveram no país juntaram-se no Terreiro do Paço para celebrar a autoproclamação de Juan Guaidó, exigindo mudanças no país.
Venezuela mergulhada numa grave crise
A 10 de janeiro Maduro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade foi desde logo questionada, não sendo reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional.
A Venezuela está mergulhada numa grave crise política e económica que já levou, segundo dados da ONU, 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015. Pela voz do seu secretário-geral, António Guterres, a organização apelou esta quinta-feira ao diálogo para para impedir uma escalada de tensão quer termine num “desastre”.
Só nas últimas 24 horas, importa frisar, morreram treze pessoas durante protestos contra maduro, segundo dados do Observatório Venezuelano da Conflitividade Social. De acordo com a ONG, a maioria das mortes ocorreu por armas de fogo.
O país, outrora rico graças às suas reservas de petróleo, enfrenta agora graves carências de alimentos e medicamentos. O Fundo Monetário Internacional estima que a inflação na Venezuela deverá deverá atingir 10.000.000% em 2019.
Eis Guaidó, o outsider
Juan Guaidó, engenheiro de mecânico de profissão, é visto, segundo noticia a AFP, como um outsider. Com apenas 15 anos, conta a agência, sobreviveu a uma das piores tragédias naturais da Venezuela e Hugo Chávez cimentava a sua revolução. Vinte anos volvidos, o líder do parlamento pretende depôr o governo socialista de Nicolás Maduro.
Guaidó iniciou-se na política com a geração de universitários que se opôs a Chávez com maciças manifestações em meados de 2007. O movimento derivou na única derrota eleitoral do falecido líder socialista, num referendo para reformar a Constituição.
Dois anos depois, em 2009, foi membro fundador do partido Voluntad Popular juntamente com Leopoldo López. Foi por este partido pelo qual foi eleito deputado suplente em 2010, tornando-se mais tarde legislador titular pelo estado de Vargas em 2015. Apesar de a sua vida política não prometer, Juan Guaidó acabou por se tornar chefe do seu partido, uma vez que os demais líderes estavam exilados ou em prisão domiciliária.
Traçou o seu percurso com denúncias de corrupção na estatal petrolífera Pdvsa, à medida que a crise se agravava e a Venezuela ficava cada vez mais com escassez de bens e alimentos, escreve a AFP. Ao assumir a presidência do Parlamento, Guaidó soube que a oposição a Maduro seria sempre um caminho perigoso, mas nada que o demovesse.
“Sei o que é passar fome”, disse Juan Guaidó à época, esclarecendo contudo ser “um sobrevivente, não uma vítima”.
Afinal de contas, saberia sempre que já passou por pior. O venezuelano foi um dos sobreviventes da tragédia de Vargas, quando gigantescos deslizamentos mataram milhares de pessoas nesse estado em 1999. Chávez, que governou até a sua morte em 2013, estava na Presidência há somente 10 meses.
Já sob a sua direção, o Congresso aprovou uma “amnistia” a militares que não reconheçam Maduro, a quem chama de “ditador” e cuja reeleição diz ser uma fraude. Contudo, todas as decisões do poder legislativo, por si liderado, são consideradas nulas pela Justiça, alinhada com o governo de Maduro. Com a autoproclamação, comprometeu-se a liderar um governo de transição que convoque eleições, convidando os militares a romper com Maduro.
Esse será mesmo o seu maior desafio: cativar as Forças Armadas, controladas por Maduro. O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, já fez saber que os militares não aceitarão “um Presidente imposto à sombra de interesses obscuros”.
“Guaidó é uma cara nova, considerado um homem de consenso pelos moderados e respeitado também pelos radicais”, adiantou à agência o analista Diego Moya-Ocampos.
Quem quiser o programa do BE, controlo estatal do petroleo, da energia, da agua, dos bancos, grandes taxas sobre os ricos, violação do direito à propriedade privada, proibir despedimentos, demonização de quem tem lucro e por aí fora, eis o resultado de tais políticas na Venezuela.
Não sejas mauzinho. Olha que isso não aconteceu na Venezuela, foi só impressão tua…………
Cumprimentos.
Eleiçôes livres já.
Será que o maduro sabe o que isso é.?
nem o maduro nem o que_dá_dó que vem ao mesmo. um gajo que convoca uma manif e se auto-proclama rei da republica das bananas sem pré-aviso aos manifestantes obrigando-os ao compromisso “fez os manifestantes jurarem comprometer-se em “restabelecer a Constituição da Venezuela”” ele é que tem que jurar e comprometer-se em melhorar a vida daquelas pessoas não é só limitar-se a dizer aquilo que todos sabem que o país está uma miséria. a mim não me convence e os venezuelanos que se ponham de olho no macaco se não um dia destes acordam nus.
O Maduro já tem muito dinheiro fora do país para se governar se tiver de fugir, não fosse ele um porco ditador.