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Morreu Gérman, o último habitante das ilhas Cíes

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Germán Luaces Freijeiro, de 54 anos, instalou-se no arquipélago de Cíes, localizado na foz do estuário de Vigo, em meados dos anos 90 e nunca mais se voltou a mudar.

Vivia sozinho naquelas ilhas onde acolhia desconhecidos na sua casa. Mas quando não havia ninguém, tinha apenas como companhia o mar. O Chuco, como era conhecido nas ilhas Cíes, estava sempre disponível para receber quem quisesse visitar a ilha.

As ilhas são consideradas um paraíso natural e é destino de verão para mais de 300 mil pessoas. Chuco acolhia os viajantes na sua cabana, sem perguntar por quanto tempo iriam ficar por ali.

À porta de casa, via-se pendurada uma bandeira pirata, de acordo com o El Español. Germán nunca quis que ela deixasse de se ver do alto da praia de Nossa Senhora, na ilha de O Faro — a ilha do meio. Mas não era um pirata. Tinha barba, usava os cabelos loiros atados e era conhecido pela sua generosidade. Além disso, dava refúgio a marinheiros, era colega de faroleiros, amigo dos guardas florestais e anfitrião de qualquer desconhecido.

A vida de Germán esteve sempre muito ligada ao mar, embora cuidasse ao mesmo tempo das suas galinhas e dos seus gatos. O seu pai, de nacionalidade alemã, fora capitão da marinha mercante, professor no Instituto Náutico e de Pescas de Vigo, capitão do navio histórico “Campalans”.

Tal como o pai, recorda o Observador, Germán presenciou o derrame de petróleo que ameaçou as costas das praias da Galiza a 5 de dezembro de 2002. Mas a maré negra acabou por trazer de volta à costa os marinheiros que se encontravam em alto mar, que regressaram para salvar a sua vida e puderam refugiar-se naa sua casa.

Germán Luaces Freijeiro, o Chuco, foi diagnosticado com cancro há vários meses, tendo morrido há uma semana. Agora, as cinzas do último habitante do arquipélago descansam nas ilhas Cíes. Centenas de pessoas estiveram presentes no funeral e, ao barco que as levou à ilha, chamaram “Piratas de Cíes”.

ZAP //

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