Marine Le Pen, líder da União Nacional e principal figura da extrema direita francesa, e Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, pedem eleições antecipadas devido à “gravidade da crise política”.
Marine Le Pen pediu, em declarações à France 3, “a dissolução da Assembleia Nacional” e a “convocação de novas eleições legislativas” e disse que a única forma de “sair por cima” da crise política é “voltar às urnas”. Mélenchon diz que apresentou uma moção de censura para dissolver a Assembleia Nacional e desafia os restantes grupos parlamentares a aderirem à iniciativa.
“Espero que os socialistas apoiem a moção de censura, mas gostaria de contar com o maior número de grupos parlamentares possível”, apelou Mélenchon. O líder da França Insubmissa admitiu que os partidos à esquerda do En Marche de Macron não estão de acordo em muitas matérias, mas, na questão de censurar o governo, deviam estar unidos. A líder da socialista, Valérie Rabault, disse que iria consultar o seu grupo sobre o assunto.
O presidente d’Os Republicanos, Laurent Wauquiez, pediu ao executivo no domingo para “restabelecer a ordem” depois dos confrontos e desafiou o executivo de Macron a “dar a palavra aos franceses” num referendo.
No balanço final dos confrontos de sábado em Paris, as autoridades francesas apontam para 133 feridos e 412 detenções durante as manifestações dos “coletes amarelos”.
O movimento de “coletes amarelos” nasceu espontaneamente em protesto contra a taxação de combustíveis. As ações de contestação estão a causar grande embaraço ao Governo francês, tendo corrido mundo as imagens de confrontos entre manifestantes vestindo coletes amarelos e a polícia na emblemática avenida dos Campos Elíseos.
A reação de Macron
O Presidente francês, Emmanuel Macron, solicitou ao primeiro-ministro, Edouard Philippe, que receba os líderes dos partidos com assento parlamentar e os representantes dos manifestantes, depois dos episódios de violência registados à margem do protesto dos coletes amarelos.
Segundo informação da Presidência, a iniciativa, cuja data não foi divulgada, responde à “preocupação constante pelo diálogo” do executivo.
Durante uma reunião de emergência no domingo, no Eliseu, o chefe de Estado também notou a necessidade de que uma “reflexão seja conduzida pelo ministro do Interior para a adaptação do dispositivo de manutenção da ordem no futuro”.
O gabinete de Macron tinha já informado que o Presidente não iria falar no domingo publicamente sobre os protestos dos coletes amarelos, franceses de rendimentos baixos, que se têm concentrado nas ruas de França para exigir alterações nas políticas.
Depois de violentos desacatos no sábado, nomeadamente em Paris e o registo de vandalismo do Arco do Triunfo, foi marcada uma reunião de emergência, horas depois do regresso de Macron da cimeira de líderes do G20, em Buenos Aires.
No domingo, o governo admitiu declarar o estado de emergência – que é declarado em “em casos de perigo iminente, como resultado de quebras na ordem pública ou no caso de ameaças, pela sua natureza e gravidade”. É uma ferramenta de último recurso e pode ser declarada num período máximo de 12 dias, podendo ser prolongado pelo Presidente.
A medida vem reforçar os poderes do Governo e do Presidente da República, podendo, entre outras medidas, impor uma hora de recolher obrigatório, proibir o ajuntamento de pessoas, encerras espaços públicos.
ZAP // Lusa