Uma equipa de cientistas analisou pela primeira vez o ADN do mamífero extinto Elasmotherium sibiricum, mais conhecido como “unicórnio da Sibéria”, revelando que estávamos muito errados sobre este misterioso animal.
De acordo com um novo estudo, agora publicado na revista Nature Ecology & Evolution, estes animais extinguiram-se muito mais tarde do que se pensava e podem mesmo ter partilhado a Terra com os humanos e com os neandertais.
Tal como nota o Science Alert, a pesquisa revelou alguns segredos fascinantes sobre esta mítica e estranha espécie que, até então, se acreditava ter-se extinguido há 200 mil, anos, ainda antes do começo da última Era Glacial.
Para a investigação, os cientistas analisaram 23 amostras de ossos deste mamífero e descobriram que estes têm entre 35.000 e 36.000 anos de idade. De acordo com o portal de ciência, esta é também a época em que os humanos começaram a povoar as estepes da Rússia, do Cazaquistão, da Mongólia e o norte da China.
Por tudo isto, os cientistas acreditam que os “unicórnios siberianos” coexistiram com os humanos modernos no planeta durante um determinado período de tempo.
Um estudo anterior, publicado em 2016 no American Journal of Applied Science, debruçou-se sobre fragmentos ósseos de uma caveira deste animal, tendo concluído que os ossos eram datados de há 29.000 anos, no entanto os resultados desta investigação foram considerados pouco fiáveis na altura.
Para surpresa dos cientistas, o recente estudo revelou ainda que o Elasmotherium sibiricum não está intimamente relacionado com os rinocerontes modernos. De acordo com os autores, esta espécie pertence a uma linhagem única que se separou da linha que conduziu até aos rinocerontes modernos há mais de 40 milhões de anos.
Apesar de ser possível que estes animais tenham coexistido com os humanos, os cientistas não acreditam que essa tinha sido a causa da sua enigmática extinção.
Alan Cooper, investigador da Universidade de Adelaide, na Austrália, disse em declarações ao Science Alert que a extinção ocorreu “num período de mudança climática que, não sendo extremo, fez com que muitos invernos fossem muito mais frios”. Face às mudanças no clima, acreditam os cientistas, a “extensão das pastagens na área” alterou-se, podendo ter ditado o fim desta espécie.
A investigação revelou também que o Elasmotherium sibiricum se alimentavam apenas de capim: “Parecem que [estes animais] eram tão especializados na sua dieta alimentar que não conseguiram sobreviver”, explicou Cooper.
A nova investigação desconstrói alguns dos dados que a comunidade científica já dava como certos, como a época em que viveram e a coexistência com os humanos modernos. Contudo, ficam ainda alguns segredos por desvendar: os cientistas não sabem ainda o tamanho do chifre deste mamíferos, uma vez que ainda não foi encontrado nenhum.
Com base nas medições realizadas a partir dos fragmentos do crânio desta espécie, os especialistas estimam que o chifre do “unicórnio” da Sibéria possa atingir até um metro de comprimento.