Uma equipa internacional de cientistas desenvolveu um método para descobrir o local onde o Sol nasceu na nossa galáxia.
Segundo o Público, uma equipa internacional de cientistas, que inclui Vardan Adibekyan, que trabalha no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), no Porto, encontrou uma forma de estimar os locais de nascimento das estrelas na Via Láctea.
Nos discos galácticos, as estrelas costumam afastar-se do seu local de nascimento, um fenómeno conhecido por “migração radial”. “Este movimento ao longo do diâmetro da galáxia dificulta o estudo da história de formação da Via Láctea, pois a migração radial é afetada por diversos parâmetros, dos quais se tem pouca informação”, explicam os investigadores do IA num comunicado.
No entanto, tal como explica o jornal, os cientistas conseguiram ultrapassar este obstáculo desenvolvendo um método para recuperar a história da migração das estrelas, usando as suas idades e composição química “como artefactos galácticos”.
Para este trabalho, cujos resultados foram publicados, no início de agosto, na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, a equipa utilizou uma amostra de cerca de 600 estrelas vizinhas do Sol observadas pelo espectrógrafo HARPS, instalado no telescópio de 3,6 metros do Observatório Europeu do Sul (ESO), no observatório de La Silla, no Chile.
“A equipa descobriu que as estrelas nasceram espalhadas por todo o disco galáctico, com as mais antigas a migrarem das zonas mais interiores do disco”, lê-se na mesma nota, adiantando que os resultados também foram obtidos graças à caracterização muito precisa da massa e metalicidade destas estrelas.
“Esta interessante técnica é única, porque nos permitiu determinar o local de nascimento do nosso Sol”, considera Adibekyan, citado pelo jornal. “Descobrimos que a nossa estrela pode não ter vagueado pela galáxia tanto quanto pensávamos até agora e que a distância ao centro da galáxia ao local onde nasceu pode ser semelhante à distância que tem atualmente”.
O Instituto Leibniz de Astrofísica de Potsdam, na Alemanha, que também esteve envolvido no estudo, dá mesmo o exemplo do Sol no seu comunicado. Tendo em conta a sua idade (4.600 milhões de anos) e a sua metalicidade, pode-se estimar que o Sol nasceu cerca de dois mil anos-luz mais perto do centro da Via Láctea do que atualmente está.
“No futuro, este método pode ser aplicado a medições de alta qualidade da missão da Agência Espacial Europeia Gaia, que em conjunto com investigações espectroscópicas levadas a cabo em telescópios à superfície da Terra, permitirão um cálculo muito detalhado da história migratória das estrelas e do passado da Via Láctea”, explica Friedrich Anders, autor do mesmo artigo e investigador do instituto alemão, citado pelo Público.