Um novo projeto internacional está a dar aos cientistas uma oportunidade para finalmente perceber o fenómeno das chamadas “galáxias monstruosas”.
As “galáxias monstruosas” formaram-se nos primeiros mil milhões de anos depois do Big Bang e os astrónomos chamaram-nas assim devido ao seu grande tamanho e ao facto de terem taxas crescentes de formação de estrelas, escreve o Live Science.
Descobertas há uma década, estas são características que continuam inexplicáveis e as melhores teorias disponíveis sugerem até que este tipo de galáxia não deveria existir. Porém, a verdade é que estes “monstros” cresceram muito e criaram mais estrelas daquilo que os modelos do universo antigo indicam ser possível.
Mas, graças aos esforços de uma equipa do Observatório Astronómico Nacional do Japão, da Universidade de Massachusetts e do Instituto Nacional de Astrofísica do México, os investigadores obtiveram uma imagem de uma “galáxia monstruosa” com dez vezes mais resolução do que anteriormente.
Em causa está a chamada galáxia COSMOS-AzTEC-1, a 12,4 mil milhões de anos-luz da Terra, o que significa que os astrónomos só podem ver como se comportou há 12,4 mil milhões de anos. Tendo em conta essa distância, ocupa um pequeno pedaço do céu e torna-se difícil obter uma imagem de qualidade.
“A grande surpresa que tivemos é que esta galáxia, vista há quase 13 mil milhões de anos, tem um enorme disco de gás ordenado, em vez do que estávamos à espera, ou seja, aquilo que seria uma espécie de um acidente de comboio desordenado”, explica Min Yun, astrónomo da Universidade de Massachusetts que ajudou a descobrir a AzTEC-1 em 2007 e que agora é um dos autores do estudo publicado, na semana passada, na revista Nature.
Os investigadores suspeitavam que apenas mil milhões de anos depois do Big Bang, as galáxias deveriam ser pequenas e confusas, explica Yun. Porém, este novo projeto internacional mostra que não é só a AzTEC-1 que tem uma escala inexplicável, como também é uma galáxia com uma ordem distinta, incomum e instável.
Os cientistas perceberam que esta galáxia é um disco, mas não como a Via Láctea, com um único núcleo robusto e braços espirais a girar para fora. Em vez disso, este “monstro” tem três núcleos ou dois a mais, isto é, duas nuvens distintas de estrelas que orbitam a muitos anos-luz de distância do aglomerado maior que se encontra no centro. E, ao contrário da maioria das galáxias modernas, é instável.
Os investigadores relataram que o grande peso da galáxia, a partir da sua enorme nuvem de gás, coloca tanta pressão no interior que a pressão externa do seu movimento giratório não consegue compensar. Desta forma, o colapso gravitacional resultante leva à rápida formação de estrelas.
O que os astrónomos ainda não conseguem explicar, no entanto, é como esta enorme nuvem de gás se formou em primeiro lugar. Em teoria, a massa da galáxia deveria ter causado o colapso da nuvem sobre si mesma muito antes de crescer até se tornar monstruosa. Mas isso não aconteceu.
Embora ainda ainda não possam explicar o porquê, este novo projeto deu aos investigadores mais detalhes para tentarem compreender os mecanismos por trás destes “monstros”.
ZAP // HypeScience