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Morreu a fadista Celeste Rodrigues

António Cotrim / Lusa

A fadista Celeste Rodrigues

A fadista Celeste Rodrigues morreu esta quarta-feira, aos 95 anos, confirmou à Lusa o neto Diogo Varela Silva.

“É com um enorme peso no coração, que vos dou a notícia da partida da minha Celestinha, da nossa Celeste. Hoje deixou uma vida plena do que quis e sonhou, amou muito e foi amada, mas acima de tudo, foi a pedra basilar da nossa família, da minha mãe, da minha tia, dos meus irmãos, sobrinhos e filhos, somos todos orgulhosamente fruto do ser humano extraordinário que ela foi”, escreveu Diogo Varela Silva no Facebook, remetendo para mais tarde informações adicionais.

Nascida no Fundão, em 14 de março de 1923, a irmã de Amália Rodrigues iniciou a carreira há 73 anos, ao aceitar o convite feito pelo empresário José Miguel (1908-1972), detentor de vários teatros e casas de fado, entre os quais o Café Casablanca.

Celeste Rodrigues celebrizou fados como “Noite de Inverno”, “As Lendas Algas” e “Saudade vai-te embora”, tendo pisado os mais diferentes palcos, desde as casas de fado de Lisboa, ao antigo Casino da Urca, no Rio de Janeiro, onde atuou com a irmã , ao Teatro dos Campos Elísios, em Paris, ou ao Concertgebouw, em Amesterdão, e ao Queen Elizabeth Hall, em Londres. Em abril passado, cantou no Town Hall, de Nova Iorque, no âmbito do Festival de Fado.

Em maio, deu o último grande concerto, no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, e, na altura, disse à Lusa que “cantar é sempre uma alegria, ainda mais nesta idade, porque não é fácil ter um bocadinho de voz”.

“Acho que o fado é uma música linda, maravilhosa. Com palavras bonitas, ainda mais maravilhoso fica. Portanto, é natural que faça sucesso. E o fado entra em nós, está nas veias de todos os portugueses“, disse na altura.

Para Argentina Santos, que trabalhou com Celeste Rodrigues, o segredo da fadista era “uma caixinha de música na garganta”, à qual sabia aliar “uma interpretação sentida”.

Há uns tempos, a fadista conheceu Madonna na casa de fados “Mesa de Frades”, em Alfama, onde juntas cantaram o tema “Can’t help falling in love” de Elvis Presley. Posteriormente, a artista aceitou o convite da estrela pop norte-americana para passar a passagem de ano na sua casa em Nova Iorque.

Na sua conta no Instagram, Madonna colocou uma fotografia com a seguinte legenda: “RIP Celeste Rodrigues” (“Descanse em Paz Celeste Rodrigues”).

Segundo o Diário de Notícias, o neto, realizador de profissão, é seu admirador assumido e, em 2016, realizou “Fado em Si”, um musical em fado que conta com a participação não só da avó mas também de fadistas como Kátia Guerreiro e Camané. Em 2010, já tinha assinado o documentário “Fado Celeste”, sobre a avó, que estreou no Doc Lisboa 2015, assinalando os 70 anos da sua carreira de fadista.

“O fado não se pode explicar, sente-se”, disse Celeste Rodrigues, quando filmada pelo neto nesse trabalho.

ZAP // Lusa

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