O líder da Coreia do Norte e o Presidente dos Estados Unidos já chegaram a Singapura, este domingo, dois dias antes do encontro histórico e depois de três meses de preparativos marcados por avanços e recuos.
De acordo com a imprensa local, Kim Jong-un aterrou hoje no aeroporto de Changi, Singapura, pouco depois das 15h00 locais (08h00 de Lisboa).
Donald Trump também já chegou ao país, onde aterrou a bordo do Air Force One às 20h30, hora local (13h30 em Lisboa).
O aeroporto, tal como toda a cidade de Singapura, está rodeado de medidas de segurança.
A organização do encontro entre os dois líderes foi uma corrida contra o tempo – com uma frenética atividade diplomática em Washington, Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias -, em que houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes.
O Presidente norte-americano, cujo mandato conta já com diversos desencontros diplomáticos com os principais líderes mundiais, poderá obter o seu primeiro êxito de política externa na cimeira desta terça-feira com o líder norte-coreano.
Este domingo, o Presidente russo, Vladimir Putin, também disse estar pronto para se encontrar com o seu homólogo norte-americano, assim que os Estados Unidos “estiverem prontos” para a reunião.
“Assim que o lado norte-americano estiver pronto, esse encontro acontecerá, mediante a minha agenda”, declarou Putin, que falava aos jornalistas à margem da Organização de Cooperação de Xangai, na cidade portuária de Qingdao, norte da China.
Trump, que venceu as últimas eleições Presidenciais norte-americanas para surpresa de muitos, chegou à Casa Branca sem qualquer experiência política, embora com um longo percurso no mundo empresarial e mediático que o colocou entre as maiores fortunas do país.
Nascido em Nova Iorque em 1946 e licenciado em Economia Financeira pela Universidade da Pensilvânia em 1968, o multimilionário é o fundador e proprietário do grupo imobiliário Trumps Hotels and Casinos.
O seu império começou a nascer em 1982, com a construção da Trump Tower, na Quinta Avenida de Nova Iorque, e a abertura do primeiro casino em Atlantic City (Nova Jérsia).
É proprietário de mais dois casinos, o Taj Mahal e o Trump Castel, da companhia aérea Trump Shuttle e do complexo turístico Miami Doral Golf Resort & Spa, onde passa grande parte do seu tempo livre desde que é Presidente e onde já recebeu alguns dos líderes mundiais que foram aos EUA visitá-lo.
Em princípios da década de 90, viu-se a braços com uma dívida de dois mil milhões de dólares, mas conseguiu reconstruir o seu império imobiliário graças aos casinos.
A faceta mediática de Trump tem também sido importante no seu percurso profissional: foi produtor dos concursos de beleza Miss Universo e Miss América e teve o seu próprio programa de televisão, um ‘reality show’ chamado “O Aprendiz”, em que vários candidatos competiam por um emprego no seu grupo empresarial.
No domínio político, como candidato do Partido Republicano às presidenciais de 2016, enfrentou e derrotou a candidata democrata e ex-primeira-dama Hillary Clinton, depois de ter afastado nas primárias 16 concorrentes, apesar das críticas à sua incorreção política e ao discurso demagógico.
Como candidato republicano, que já concorrera sem êxito à nomeação conservadora à Casa Branca em 2000 e 2012, defendeu a construção de um muro na fronteira com o México e o veto à entrada de muçulmanos no país, para combater a imigração ilegal, a criminalidade em geral e o terrorismo jihadista.
Além destas polémicas iniciativas, os seus comentários misóginos e racistas retiraram-lhe apoios dentro do próprio partido.
Em novembro de 2016, foi eleito Presidente dos EUA por ter obtido a maioria dos votos eleitorais dos Estados norte-americanos, apesar de não ter ganhado no voto popular.
Em janeiro de 2017, após renunciar a todos os seus cargos empresariais, Trump foi investido como Presidente, num dia marcado por numerosas manifestações de protesto dos seus críticos.
Em matéria de política nacional, retirou fundos ao sistema de saúde Obamacare, aprovou uma reforma fiscal expansiva com uma espetacular redução de impostos e ameaçou expulsar do país os imigrantes ali chegados na infância, os chamados “dreamers”.
Na arena internacional, iniciou uma guerra comercial com a China, e também com a União Europeia, Canadá e México, retirou o país do Acordo Climático de Paris e do acordo sobre o programa nuclear do Irão.
ZAP // Lusa