Esta segunda-feira, a greve dos trabalhadores ferroviários obrigou a uma paralisação de 90% dos comboios de mercadorias e de passageiros em todo o país. De acordo com o sindicato, a adesão é quase total em Lisboa e no Porto.
A greve dos trabalhadores ferroviários obrigou, esta segunda-feira, a uma paralisação de 90% dos comboios de mercadorias e de passageiros em todo o país, segundo o balanço do Sindicato Ferroviário da Revisão e Comercial itinerante (SFRCI).
Segundo disse à Lusa Luís Bravo, presidente do sindicato, a taxa de paralisação dos comboios entre as 22:00 e as 06:30 “está na ordem dos 90% em todo o país“, sendo que nas zonas urbanas chega a atingir os 100%. “Nas zonas urbanas de Lisboa é de 100% e no Porto de 95%”, acrescentou.
Numa nota enviada às redações, o SFRCI saúda “os trabalhadores do setor ferroviário e os maquinistas em particular “por não cederem a pressões internas e externas comprometidas com o Governo e por não aceitarem violar a lei greve substituindo os revisores em greve”.
Os trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo estão hoje em greve contra a possibilidade de circulação de comboios com um único agente.
Os sindicatos consideram que “a circulação de comboios só com um agente põe em causa a segurança ferroviária – trabalhadores, utentes e mercadorias”, e defendem, por isso, que “é preciso que não subsistam dúvidas no Regulamento Geral de Segurança (RGS)”.
Os ferroviários rejeitam alterações ao RGS com o objetivo de reduzir custos operacionais e consideram que a redação do Regulamento Geral de Segurança, em discussão nos últimos meses, deixa em aberto a possibilidade de os operadores decidirem se colocam um ou dois agentes nos comboios.
Os sindicatos subscritores do pré-aviso de greve preveem que a paralisação tenha “um grande impacto na circulação de comboios” e a CP admite que deverão ocorrer “fortes perturbações na circulação”.
A Lusa tentou saber se a CP tinha já alguns dados para primeiro balanço, mas até ao momento não foi possível obter mais informação.
Greve sem justificação, garante Governo
O Governo diz que a greve desta segunda-feira “não tem justificação material” e explica que os sindicatos marcaram a paralisação contra um regulamento que existe desde 1999, que nunca foi alterado e nem vai ser.
“Não conseguimos perceber, o Governo não fez nenhuma alteração nestes dois anos e meio e não conta fazer nenhuma alteração”, disse aos jornalistas o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d´Oliveira Martins.
A greve é contra a possibilidade de circulação de comboios com um único agente, o que segundo os sindicatos põe em causa a segurança ferroviária.
Oliveira Martins explicou que a norma faz parte do RGS, de 1999, que nunca foi alterado nem por este nem por governos anteriores “e que mantém como regra os dois agentes, e em algumas exceções admite, com restrições e sujeito a fiscalização, o agente único”.
Além disso, acrescentou o responsável, a CP tem uma norma interna que apenas permite os dois agentes em circulação, “não admitindo agente único”.
“Portanto, há aqui uma falta de justificação” e vai haver um prejuízo para os utentes por algo que o Governo entende que não se justifica, disse o secretário de Estado.
// Lusa