O escritor cabo-verdiano é o vencedor do Prémio Camões 2018, foi anunciado esta segunda-feira, no Hotel Tivoli, em Lisboa.
Germano Almeida, advogado e escritor, nascido na ilha da Boavista em 1945, foi distinguido hoje por unanimidade com o Prémio Camões, a mais importante distinção da Língua Portuguesa e que tem um valor monetário de cem mil euros.
“A minha admiração por Germano Almeida vem de longe”, admitiu o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, durante a conferência de imprensa do anúncio do prémio, sublinhando que “o auto-humor” é uma das principais características da obra do premiado.
“É um romancista muito divertido. É um escritor que sabe rir-se de si próprio e do mundo, e, nesse sentido, é um escritor que apresenta uma visão do mundo muito irónica, crítica e sem ser violenta”, descreveu.
Sobre o anúncio, o ministro da Cultura, ladeado pelos membros do júri, disse: “Estamos muito felizes com este galardão. É mais um ano de Prémio Camões, mais um escritor de língua portuguesa reconhecido e consagrado, portanto estamos todos de parabéns”.
Na mesa também se encontrava presente o embaixador do Brasil em Portugal, Luiz Alberto Figueiredo Machado, que declarou que o prémio “vem demonstrar cada aspeto nacional nesse mar de cooperação e entendimento cultural que é a língua portuguesa”.
O júri da 30.ª edição do Prémio Camões foi constituído por Maria João Reynaud, professora jubilada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal); Manuel Frias Martins, professor jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Portugal); Leyla Perrone-Moisés, professora emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (Brasil); José Luís Jobim, professor aposentado da Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Brasil); pelos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), Ana Paula Tavares, poeta e professora de Literaturas Africanas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Angola); e José Luís Tavares, poeta (Cabo Verde).
O escritor cabo-verdiano é autor de obras como “O dia das calças roladas”, “O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo”, “A família trago”, “A ilha fantástica” e “Os dois irmãos”. Está traduzido em países como Itália, França, Alemanha, Suécia, Noruega e Dinamarca. O seu mais recente romance, “O fiel defunto”, sairá nos próximos dias no mercado português pela Editorial Caminho.
Segundo cabo-verdiano a vencer o Prémio Camões
“Felicito o escritor Germano Almeida, vencedor do Prémio Camões 2018”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, através de um depoimento colocado na sua página oficial.
“Advogado, foi deputado e Procurador-Geral da República. Enquanto ficcionista, tornou-se um dos mais destacados nomes da literatura africana de língua portuguesa, sendo o segundo cabo-verdiano a vencer o Prémio Camões, depois de Arménio Vieira”, salientou o Presidente da República.
Também o primeiro-ministro português congratulou o escritor cabo-verdiano pela “merecida atribuição do Prémio Camões 2018”. Numa mensagem publicada no Twitter, António Costa recordou que o Prémio Camões é “a mais importante consagração literária dessa língua universal que é o português”.
Por sua vez, o chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, considerou a atribuição do prémio uma “ótima notícia” para o escritor e para o país, fazendo votos para que o terceiro galardão não demore mais nove anos.
“É uma ótima notícia para ele em primeiro lugar, para a literatura cabo-verdiana, para os escritores cabo-verdianos e para Cabo Verde. É um importante galardão literário, seguramente o mais conhecido de língua portuguesa, e termos um prémio Camões nove anos depois do primeiro é muito bom”.
“Vai levar a que a nossa literatura seja mais conhecida e pode ajudar a potenciar o conhecimento de Germano Almeida, da nossa prosa de ficção, da nossa literatura e dos nossos escritores no geral. Não podia haver melhor notícia para o país neste momento. É ótimo para a nossa autoestima“, sublinhou.
Sobre a escrita e obra de Germano Almeida, Jorge Carlos Fonseca destacou a “criatividade, a exuberância, o humor e a capacidade inventiva nas histórias que escreve e descreve, seja nos romances, seja nos contos ou novelas”.
O Prémio Camões é o maior galardão da Língua Portuguesa, e foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988.
Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento “do património literário e cultural da língua comum”, segundo o protocolo estabelecido entre Portugal e o Brasil, assinado em junho de 1988, que instituiu o prémio.
O Prémio Camões foi atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga e, na mais recente edição, em 2017, foi entregue ao poeta Manuel Alegre.
ZAP // Lusa