As greves na Saúde provocaram, no ano passado, 115.905 dias de ausência ao trabalho, um aumento de 70% face a 2016.
As greves do setor da Saúde foram responsáveis por 115.905 dias de ausência ao trabalho só no ano passado, mais 69,3% do que os 68.443 dias registados em 20106.
O Jornal de Notícias avança, esta segunda-feira, que estas ausências contabilizam vários profissionais deste setor, nomeadamente, médicos, enfermeiros, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e trabalhadores da saúde. Este ano parece caminhar no mesmo sentido, já que a contestação no setor não dá sinais de abrandamento.
Em março, os enfermeiros realizaram uma paralisação; na semana passada foi a vez dos trabalhadores da saúde e a partir de terça-feira, até quinta-feira, os médicos estarão em greve. Para 24 e 5 deste mês está também agendada uma paralisação dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica.
Este ano conta já com várias paragens no setor, resta ainda saber se os números vão coincidir com os valores de 2017. No ano passado, de acordo com os dados divulgados pelo jornal, os profissionais de saúde pararam sobretudo nos meses de junho, julho, outubro, novembro e dezembro.
Esta forma de protesto levou ao adiamento de milhares de consultas, cirurgias e exames, tendo sido os utentes a pagaram a maior fatura destas sucessivas paralisações.
Os médicos pedem a compreensão dos utentes, lembrando que a luta é pela qualidade do Serviço Nacional de Saúde. O Bastonário dos Médicos Miguel Guimarães explica ainda que existe um grande desencanto com o atual ministro da Saúde. Por sua vez, os sindicatos acusam o Ministério da Saúde de se recusar a negociar.
Sindicatos médicos publicam nota aos utentes
Os sindicatos que convocaram a greve dos médicos, que começa esta terça-feira, publicaram hoje na imprensa uma mensagem aos utentes, na qual sublinham que o Governo gasta 120 milhões com serviços de empresas de trabalho temporário.
“Um dos argumentos do Ministério da Saúde é que não há dinheiro para implementar as medidas propostas pelos sindicatos. No entanto, gasta 120 milhões de euros com serviços de empresas de trabalho médico temporário, em vez de abrir concursos atempados para a contratação dos médicos especialistas necessários para o SNS”, afirmam os sindicatos.
A greve, que decorre entre terça e quinta-feira, foi convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Na nota, os sindicatos explicam que convocaram a greve “face à degradação do Serviço Nacional de Saúde e das condições de trabalho dos médicos” e lembram que a paralisação surge “após dois anos de tentativas de negociação com o Ministério da Saúde”, sem resultados.
“Para termos médicos qualificados nos serviços é preciso descongelar as carreiras. Só com mais médicos qualificados é possível formar médicos mais novos. Estes médicos mais novos precisam de ter acesso a vagas no internato médico, para não os deixar sem formação”, recordam.
Os sindicatos frisam ainda que “os médicos sem formação são médicos indiferenciados e sem especialidade médica, o que compromete a qualidade do Serviço Nacional Saúde”.
“Com a falta de médicos e de serviços, os doentes esperam horas sem fim para serem atendidos, são adiadas consultas e cirurgias, as maternidades funcionam próximas da rotura, assim como a maior parte dos serviços”, sublinham.
Entre os motivos da greve estão a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, a redução do trabalho suplementar anual, o limite de 12 horas de trabalho semanal em serviço de urgência e o reajustamento das listas de utentes dos médicos de família, de 1.900 para 1.550 utentes.
O descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma, são outros dos motivos apontados.
ZAP // Lusa