Os insetos poderiam ter representado quase metade da dieta diária dos primeiros humanos há milhões de anos, segundo uma nova investigação.
Os cientistas supunham que o homem primitivo vivia com uma dieta à base de carne de mamíferos grandes ou nozes e folhas. Mas os académicos de Heriot Watt-University e Wayne State University revelaram que os insetos poderiam ter sido uma importante fonte de alimento para os humanos há aproximadamente 1,8 milhões de anos, representando quase 50% da dieta dos nossos ancestrais.
A descoberta foi feita por casualidade, depois de serem levados a cabo testes em lama de aparência incomum, recolhida em escavações em Olduvai Gorge, na Tanzânia.
Ao testar o lodo em Heriot-Watt, confirmou-se que os sedimentos eram, de facto, um antigo ninho de térmitas.
Depois de comparar as assinaturas de carbono nos dentes fósseis encontradas naquele sítio, com as assinaturas de carbono encontradas na fonte potencial de alimento, os académicos fizeram uma descoberta pioneira.
Calyton Magill, beneficiário da investigação da Univerisdade Heriot-Watt, disse: “A descoberta foi feita casualmente quando mostrei a um amigo meu especialista em insetos, uma imagem do solo incomum e ele descobriu que, na realidade, aquilo era um ninho de térmitas”.
“Contamos com uma equipa especializada no Centro Lyell, que se encontra numa dezena de laboratórios por todo o mundo, que puderam testar, detetar e isolar os fósseis“, continuou.
“Descobrirmos que os insetos foram de facto uma fonte importante de alimento há milhões de anos. Agora queremos ir a outros sítios arqueológicos para ver se descobrimos outras amostras como esta. Temos tentado fazer esta ligação durante os últimos 40 anos e finalmente conseguimos.”
Julie Lesnik do departamento de Antropolgia da Universidade de Wayne State, em Detroit, nos Estados Unidos, explicou em comunicado: “Os insetos são uma fonte importante de alimento para milhares de milhões de pessoas no mundo de hoje, mas os investigadores tendem a ignorar esta fonte de alimento quando reconstroem as dietas passadas”.
Agora, avançam os investigadores, sabe-se que os hominídeos de Olduvai teriam vivido com o tipo exato de térmitas que se preferem como alimento hoje em dia.
“Muitas pessoas hoje estudam o potencial de utilizar insetos nas nossas dietas modernas como uma forma de alimentar a crescente população mundial. Esta investigação ajuda porque podemos demonstrar que comer insetos sempre fez parte da condição humana”, explicam os investigadores.
// Europapress