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Pulitzer para denúncia do caso Weinstein (e Kendrick Lamar é o primeiro rapper a ganhar o prémio)

frf_kmeron / Flickr

Kendrick Lamar

Jornalistas do New York Times e da New Yorker receberam, esta segunda-feira, o Prémio Pulitzer, a distinção mais elevada do jornalismo nos EUA, pela sua cobertura do caso Harvey Weinstein. Na música, Kendrick Lamar foi o primeiro rapper a ganhar este prémio.

Jodi Kantor e Megan Twohey, do diário, e Ronan Farrow, da revista, foram distinguidos na categoria mais prestigiada, a do ‘jornalismo de serviço público’, deste prémio, cujas distinções foram atribuídas na Universidade nova-iorquina de Columbia.

O primeiro artigo do New York Times sobre o assunto, publicado em 5 de outubro, teve o efeito de uma bomba. No texto eram citados testemunhos de várias mulheres, que afirmavam que tinham sido assediadas pelo produtor de Hollywood Harvey Weinstein, designadamente a atriz Ashley Judd.

Relatava ainda a existência de um acordo entre o ainda criador do Estúdio Miramax e outra atriz, Rose McGowan, mediante o qual aquele pagou 100 mil dólares em troca do silêncio desta, a propósito de uma situação ocorrida em 1997. Mais tarde, a atriz garantiu ter-se tratado de uma violação.

Apenas cinco dias depois da publicação do artigo do New York Times, a New Yorker colocava em linha um artigo longo com outras acusações a Weinstein. Três mulheres, designadamente a atriz italiana Asia Argento, afirmavam ter sido violadas pelo produtor que transformou o cinema de Hollywood, ao apostar em filmes diferentes, que não entravam nos critérios dos grandes estúdios.

Nos dois artigos, o magnata do cinema era descrito como um predador sexual, usando do seu poder e beneficiando da compreensão, senão da cumplicidade, de parte dos seus colaboradores. Estas revelações libertaram a palavra a antigas alegadas vítimas de Weinstein, que já são mais de 100 a ter acusado o produtor.

No seguimento do escândalo sucederam-se várias denúncias em diferentes setores de atividade, que fizeram cair dezenas de homens com poder no cinema, mas também na política, na televisão e na comunicação social. Um destes foi o ex-candidato republicano a governador do Estado do Alabama, Roy Moore, acusado de agressões sexuais a menores.

O Washington Post foi o primeiro a publicar o testemunho de quatro mulheres, que se apresentaram como vítimas deste antigo juiz ultraconservador. O diário foi distinguido na categoria ‘jornalismo de investigação’, pela série de artigos sobre este ex-juiz. O mesmo assunto motivou a atribuição ao colunista John Archibald, do Alabama Media Group, do Pulitzer na categoria de ‘comentário’.

Peter Foley / EPA

Harvey Weinstein, que esteve por trás de filmes como como “Reservoir Dogs”, “Pulp Fiction” e “Malèna”

Kendrick Lamar é o primeiro rapper a ganhar um Pulitzer

O músico norte-americano Kendrick Lamar recebeu o prémio na categoria de Música pelo álbum “DAMN”, tornando-se o primeiro rapper a ganhar um Pulitzer.

O júri classificou o mais recente disco de Kendrick uma “coleção de músicas virtuosas unificadas pela sua autenticidade vernacular e dinamismo rítmico” que “captam a complexidade da vida afro-americana moderna”.

“DAMN” foi lançado há quase exatamente um ano e foi instantaneamente aclamado pela crítica. Foi nomeado para vários Grammys, incluindo Melhor Álbum Rap – do qual foi vencedor -, e Álbum do Ano. Fez parte das listas de melhores álbuns de 2017 de inúmeras publicações musicais de referência e foi absolutamente unânime na sua receção pelos fãs.

O Prémio Pulitzer estabeleceu a categoria de Música em 1943. Pela primeira vez, o prémio é atribuído a um género que não a música clássica ou o jazz.

Os prémios Pulitzer distinguem o melhor jornalismo em jornais, revistas e sítios na Internet. Existem 14 categorias para reportagem, fotografia, crítica e comentário. Nas artes, os prémios são atribuídos em sete categorias, incluindo ficção, drama e música.

Os primeiros prémios de jornalismo foram atribuídos em 1917, incluindo um ao New York Tribune por um editorial sobre o primeiro aniversário do afundamento do navio Lusitânia, afundado por um submarino nazi. Também nesse ano, duas filhas da abolicionista Julia Ward Howe foram premiadas por uma biografia da sua mãe, numa altura em que as mulheres não podiam votar e o mundo literário era dominado por homens.

ZAP // Lusa / Espalha Factos

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