A transportadora aérea Ryanair admitiu, nesta quarta-feira, processar o Sindicato de tripulantes de cabine se continuarem com o que diz serem as “falsas alegações” de violação da lei portuguesa, no âmbito da recente greve de trabalhadores de bases nacionais.
“Se o sindicato continuar estas falsas alegações de que violámos a lei portuguesa, então penso que teremos de os processar, porque somos um grande empregador, um grande investidor em Portugal e não estamos dispostos a ter o nosso bom nome e reputação manchados por alegações falsas feitas por um sindicato com representantes da TAP”, alerta o presidente executivo da transportadora irlandesa, Michael O`Leary, citado pela Lusa.
O dirigente da Ryanair refere ainda que serão enviadas cartas ao Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) e à Autoridade para as Condições de Trabalho, enquanto entidade inspectora, com garantias de que a lei portuguesa foi cumprida.
Desde o início da greve de três dias, durante o período da Páscoa, o SNPVAC acusou a Ryanair de violar a lei portuguesa, ao substituir trabalhadores que tinham aderido à paralisação, incluindo ameaças de despedimento.
Perante os alertas do presidente da Ryanair, a presidente do SNPVAC, Luciana Passo, refere na TSF que fica “satisfeita” com a ideia de levar o caso a tribunal.
“Parece-me uma excelente ideia. O sr. O’Leary reconhece que há lei e que a lei tem que ser cumprida – que é aquilo que nós queremos para os tripulantes de cabine da Ryanair – e não há nenhum sítio melhor que o tribunal para podermos pôr a nu tudo aquilo que se passa na Ryanair”, constata Luciana Passo.
Tripulantes querem contratos irlandeses porque ganham mais
O presidente executivo da Ryanair garantiu entretanto que os trabalhadores da transportadora aérea em Portugal, preferem continuar com contratos sob a lei irlandesa, uma vez que ganham mais e têm mais dias de licença maternal.
“Os tripulantes são muito bem pagos. Ganham entre 30 a 40 mil euros por ano, o que é mais do que enfermeiros ou professores em Portugal, e estamos muito agradecidos que poucos tenham apoiado a greve no fim de semana da Páscoa, e foi por isso que a greve teve tão pouco sucesso e cancelámos menos de 10% dos nossos voos”, notou O’Leary à agência Lusa.
À margem da IV Conferência Nacional do Turismo Residencial e do Golfe, no Estoril, o responsável garantiu que os trabalhadores iriam perder rendimentos se tivessem contratos no âmbito da lei portuguesa, até porque sob normas irlandesas “pagam menos impostos”.
“A licença maternal na Irlanda é de 41 semanas, em Portugal é de 21 semanas“, exemplificou ainda o responsável da Ryanair, notando que os trabalhadores podem adoptar as normas da Segurança Social portuguesa, mas que nenhum optou por o fazer porque “a irlandesa é melhor”.
“Nenhum dos nossos tripulantes quer contratos portugueses e o que dissemos ao Sindicato foi: se querem que sejam reflectidos alguns aspectos da lei portuguesa nos contratos irlandeses, venham falar connosco e vamos fazer isso”, acrescentou à Lusa.
Sobre a presença da Ryanair em Portugal, o CEO garantiu novo recorde, ao transportar 11 milhões de pessoas quando “há 10 anos transportava apenas um milhão de pessoas”. A companhia terá ainda 14 novas rotas para a época de Inverno em Lisboa, Porto e Faro.
ZAP // Lusa