O Parlamento decidiu, esta sexta-feira, voltar a realizar um concurso de mobilidade para professores dos quadros, que irá substituir o polémico concurso realizado no ano passado que levou à apresentação de 799 providências cautelares.
Este foi o resultado das apreciações parlamentares apresentadas pelo PCP, Bloco de Esquerda, PSD e CDS ao diploma do Governo que tentou corrigir os problemas causados pelo concurso de mobilidade interna realizado no verão de 2017.
No ano passado, o ministério da Educação abriu um concurso de mobilidade interna (destinado aos professores dos quadros que querem mudar de escola), que levou a uma forte contestação por parte dos docentes por terem sido disponibilizadas apenas vagas para horários completos.
Quando foram disponibilizados os horários incompletos, muitos professores queixaram-se de terem sido ultrapassados por colegas menos graduados e como resultado foram apresentados 799 recursos hierárquicos.
A solução encontrada pela tutela foi lançar um concurso interno antecipado só para os docentes insatisfeitos, permitindo aos restantes manterem-se na mesma escola.
Os deputados do PCP e Bloco de Esquerda assim como do PSD e CDS consideraram a solução o Governo “injusta”, dado que só iriam a concurso os horários dos professores que não estivessem satisfeitos.
Por esse motivo, defenderam um novo concurso antecipado geral dirigido a todos os docentes dos quadros com a disponibilização dos horários completos e incompletos, tal como tem acontecido nos últimos onze anos.
A medida foi aprovada em plenário, depois de uma acesa discussão entre os deputados daquelas bancadas parlamentares e a secretária de estado da Educação, Alexandra Leitão.
Alexandra Leitão alertou para o perigo de instabilidade nas escolas, já que um novo processo de colocação dos professores poderá não estar concluído antes do início das aulas, em setembro. Mas para o PCP, BE e PSD a culpa de eventuais problemas será sempre da “arrogância” da tutela, que se recusou a corrigir a situação atempadamente.
“Se atrasos houver, senhora secretária de estado e senhor deputado Porfírio Silva, terá de ser imputado ao Governo”, defendeu Ana Mesquita, do PCP, acusando o executivo de não ter ouvido os professores, as estruturas sindicais nem os partidos políticos.
Para a secretária de estado, o Decreto-lei apresentava uma “solução justa, rigorosa e que responde à necessidade de quem pretende alterar a sua situação” e “não penaliza os muitos professores que querem manter a sua colocação durante quatro anos”.
“Não é residual, o número de professores afetados”, sublinhou Ilda Araújo Novo, deputada do CDS-PP, justificando a sua posição com os “799 recursos hierárquicos” apresentados.
“Injusto é prejudicar as escolas, os alunos e cerca de 13 mil professores em nome de uma minoria”, afirmou Alexandra Leitão, garantindo que para o ministério todos os professores contam e que havia uma solução “justa, equitativa e equilibrada” para os docentes que se queixaram.
Também o deputado do PS Porfírio Silva defendeu que a ideia de realizar um concurso geral vai defraudar os milhares de professores que ficaram colocados no ano passado.
O Decreto-Lei n.º 15/2018 veio ainda definir a criação de um concurso específico para recrutamento de docentes do ensino artístico especializado de música e dança, assim como um concurso específico para docentes de técnicas especiais e um concurso de vinculação extraordinário em 2018.
// Lusa
Senhora Secretária de Estado, todos os seus argumentos não têm base de sustentação. Aceitem que erraram e com isso prejudicaram muita gente.
Um concurso que coloca docentes menos graduados em lugares que deviam pertencer, por direito, a outros docentes que, por incompetência do Ministério (ou propositadamente para colocar colegas contra colegas), se viram preteridos nas suas preferências, é intolerável.
As 799 providências cautelares que foram apresentadas estão bem aquém do nº de professores que foram prejudicados.
Independentemente de haver ou não novo concurso para correcção dos erros cometidos, importa é que de futuro tudo passe a ser bem feito.
Dantes, quando não havia computadores, e tudo era feito por pessoas que punham a cabeça a funcionar, a dactilografia a escrever o Diário da República a publicar, as coisas corriam bem, eram legíveis e acessíveis a todos os profissionais que tinham facilidade de controlarem eventuais descuidos do Ministério e de imediato colaborar nas atempadas correcções. Depois que a tecnologia digital entrou nisto, supostamente para que tudo passasse a ser mais fácil, é o que se tem visto.