Um email obtido na investigação do Ministério Público sobre a EDP revela que o antigo ministro da Economia pediu informações à elétrica para assessorar fundo canadiano.
O antigo ministro da Economia Manuel Pinho, arguido na investigação do Ministério Público sobre suspeitas de corrupção envolvendo as rendas da EDP, pediu, em 2014, informações à energética para um trabalho de assessoria ao Canada Pension Plan, um fundo cujo maior investimento em Portugal é na EDP.
O episódio é revelado numa das trocas de emails que resultaram das buscas do Ministério Público na EDP, a 2 de junho de 2017, no âmbito da investigação sobre as rendas da elétrica, nomeadamente os Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC).
O pedido de informação consta num email enviado através da secretária de Manuel Pinho no BES África. Na mensagem surgem várias questões ao diretor de planeamento da EDP, Pedro Neves Ferreira, sobre o sistema elétrico nacional, avança o Expresso.
Na troca de emails, o administrador João Manso Neto fica também a saber que Manuel Pinho teria pedido mais informações ao regulador do setor energético, Vítor Santos, na altura presidente da ERSE.
Perante este pedido, Pedro Neves Ferreira disse que estas “são perguntas que o Canada Pension Plan Investment Board lhe pagou para ele responder, como conhecedor de Portugal”, frisando que “o preocupante é ele ter pedido também contributos a Vítor Santos, que, segundo Manuel Pinho, deu uma imagem bastante negativa do país”, lê-se no e-mail.
Esta troca de emails e a contribuição de 1,2 milhões de dólares que a empresa energética fez para financiar a Universidade de Columbia, na qual Manel Pinho foi dar aulas em 2010, são fatores apresentados pelos procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto como provas da ligação entre o ex-ministro e a EDP.
Manuel Pinho não prestou declarações ao Expresso. Já a EDP confirmou a existência dos emails, que a própria empresa disponibilizou aos investigadores.