A primeira-ministra britânica advertiu, esta sexta-feira, que o Brexit vai implicar que o Reino Unido e a União Europeia tenham menos acesso aos mercados recíprocos, num discurso em que enunciou os “factos concretos” desta saída.
“Vamos sair do mercado único, a vida vai ser diferente”, disse Theresa May num discurso, esta sexta-feira, em Londres.
A primeira-ministra britânica, que apontou 29 de março de 2019 como data para a saída da União Europeia, afirmou que as negociações se aproximam de um momento decisivo e “não há como escapar à complexidade da tarefa” que ambas as partes têm pela frente.
A governante conservadora afirmou que o seu Governo não quer o “modelo canadiano” ou o “modelo norueguês” de relação com a UE, mas antes “o acordo mais abrangente possível” que permita “abarcar mais setores e com mais cooperação do que qualquer outro acordo de comércio livre existente no mundo”.
May assegurou que nem Londres nem Bruxelas vão “obter tudo o que querem”, mas rejeitou categoricamente que o Reino Unido queira beneficiar das vantagens de pertencer à União sem as desvantagens, um acordo “à la carte”, associado em inglês à expressão “cherry picking” (literalmente apanhar cerejas e, num sentido figurado, escolher seletivamente).
“A verdade é que todos os acordos de comércio têm acesso variável ao mercado dependendo dos interesses dos países envolvidos. Se isso é ‘à la carte’, então todos os acordos de comércio são ‘à la carte'”, disse.
May disse, porém, que o Reino Unido está disposto a manter normas de regulamentação semelhantes às da UE, para que os produtos possam circular sem taxas ou outros obstáculos.
A primeira-ministra disse também que pretende continuar a integrar determinadas agências europeias, como as que regulam os medicamentos ou a segurança aérea, e que o país está disposto a pagar para continuar como membro.
O governo britânico, disse, tem reservas quanto ao projeto de acordo elaborado pela UE, mas está confiante de que pode ser alcançado um acordo mais satisfatório.
Entre essas reservas, referiu novamente a recusa em aceitar a proposta europeia de manter o território britânico da Irlanda do Norte no mercado único por considerar que isso viola “o mercado comum britânico”, mas insistiu que não quer uma fronteira rígida entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.
// Lusa