O despacho com a abertura do concurso para a colocação dos médicos recém-especialistas nos hospitais, reclamado há meses por estes profissionais, será publicado na próxima semana, anunciou hoje o ministro da Saúde.
Adalberto Campos Fernandes fez este anúncio na Assembleia da República, onde hoje decorre um debate sobre a saúde.
Questionado pelo PSD sobre a falta de colocação de 700 médicos recém-especialistas, que na quinta-feira entregaram uma carta aberta no parlamento a apelar para a sua colocação nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o ministro referiu que o despacho será publicado na próxima semana, em Diário da República.
O ministro sublinhou, contudo, que estes profissionais estão a trabalhar no SNS, embora não tenham o vínculo e a remuneração correspondente à sua especialização. “Não vale a pena enganar os portugueses e dizer que estão fora” do SNS, adiantou.
Na quinta-feira, um grupo de recém-especialistas da área hospitalar, acompanhados da Ordem dos Médicos e de representantes da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato Independente dos Médicos, entregou no parlamento uma carta aberta a contestar o facto de 700 profissionais estarem há largos meses à espera da abertura de concurso.
Ministro da Saúde sente-se “mais ministro que nunca”
Na sessão plenária sobre Saúde que decorre hoje na Assembleia da República, Adalberto Campos Fernandes tem sido “bombardeado” com perguntas dos deputados da oposição, mas também do BE e do PCP, sobre a carência de profissionais que atinge o setor.
Os novos protestos dos profissionais – como a greve dos enfermeiros, anunciada na quinta-feira -, assim como o atraso na publicação do concurso para a colocação dos médicos recém-especialistas nos hospitais têm dominado o debate, questões às quais o ministro da Saúde tem respondido com as medidas tomadas pelo Governo, nomeadamente a contratação de mais 7.500 profissionais.
Para Galriça Neto, Adalberto Campos Fernandes traça “um retrato cor de rosa da realidade”. “Seja ministro agora”, apelou a deputada, questionado o ministro sobre o desbloqueamento de 500 milhões de euros para o pagamento das dívidas dos hospitais, que já deviam ter seguido para as unidades de saúde.
“O senhor está cativo do ministro das Finanças. Não se esconda atrás do ministro das Finanças”, referiu Galriça Neto. Adalberto Campos Fernandes negou a existência de qualquer divergência, afirmando: “Nunca houve um governo tão coeso como este”.
“Quem está aqui hoje é o ministro da Saúde e, perante o parlamento, assume as suas responsabilidades. Não aceitamos que estamos cativos uns nos outros. Estamos cativos do interesse público”, declarou.
Além das medidas implementadas pelo Governo, Adalberto Campos Fernandes reiterou a intenção do executivo de proporcionar um médico de família a todos os portugueses, até ao final da legislatura.
ZAP // Lusa