Ross 128 b é o nome do mais recente exoplaneta descoberto e fica a apenas 11 anos-luz de distância. O exoplaneta orbita em torno de uma estrela-anã vermelha pouco ativa, muito próxima do Sol, o que indica que é potencialmente habitável.
Ross 128 b tem o tamanho do planeta Terra e foi detetado pelo espetrógrafo HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher), um “pesquisador” de planetas de alta resolução.
O Ross 128b foi descoberto por uma equipa composta por investigadores um pouco de todo mundo, incluindo Portugal, que está representado por Nuno Cardoso Santos, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), a maior unidade de investigação na área das Ciências do Espaço em Portugal.
Os resultados desta investigação foram publicados na revista Astronomy & Astrophysics.
“Este resultado ilustra a capacidade para encontrar e caracterizar em detalhe e de forma recorrente planetas que reúnam as condições necessárias para a presença de vida. A equipa do IA está a trabalhar arduamente para atingir esse objetivo, tendo traçado um plano que inclui uma forte participação em missões espaciais da Agência Espacial Europeia e em vários equipamentos do ESO, como o ELT ou o espectrógrafo ESPRESSO5, que entrará em funcionamento ainda este mês”, explicou Nuno Cardoso Santos, ao Observador.
O mesmo foi confirmado em comunicado pelo ESO.
O ESPRESSO5 a que Nuno Cardoso Santos se refere é um espetrógrafo de alta resolução que será instalado no observatório Very Large Telescope (VLT) e cujo objetivo é localizar planetas com condições semelhantes às da Terra, capazes de suportar vida, sendo capaz de detetar alterações de velocidade de cerca de 0,3 km/h.
Os investigadores sabem que Ross 128 b orbita a sua estrela uma vez a cada dez dias, encontrando-se cerca de 20 vezes mais próxima dela do que a Terra se encontra relativamente ao Sol.
Isto poderia ser preocupante não fosse o facto de a estrela ser uma anã vermelha pouco ativa, com pouco mais de metade da temperatura do Sol, de forma que, a radiação que chega ao exoplaneta é apenas 1,38 vezes à radiação que chega ao nosso planeta.
Não se sabe ao certo se o exoplaneta estará dentro ou fora da zona de habitabilidade da estrela-anã, mas estima-se que as temperaturas variem entre os -60ºC e os 20ºC.
“Os novos instrumentos do ESO vão desempenhar um papel essencial na produção de um censo dos planetas com a massa da Terra passíveis de caracterização. Em particular o NIRPS, o braço infravermelho do HARPS, irá aumentar a eficiência nas observações de anãs vermelhas, que emitem a maioria da sua radiação no infravermelho.
No futuro, o ELT irá dar-nos a possibilidade de observar e caracterizar uma percentagem significativa desses planetas”, conclui Xavier Bonfils (Universidade de Grenoble, França), o primeiro autor do artigo científico.
Muitas estrelas-anãs vermelhas, como é o caso de Próxima Centauri (a estrela mais próxima do Sol), têm ocasionalmente fenómenos explosivos. Quando isto acontece, os planetas que se encontram nas suas órbitas são atingidos com doses letais de raios X e radiação ultravioleta, podendo esterilizar potenciais formas de vida, pelo que é essencial continuar as investigações neste campo.
Depois da Proxima b, este é o segundo planeta deste tipo mais próximo da Terra e o mais próximo que orbita uma estrela-anã vermelha.
ZAP // EuropaPress / EFE