Segundo um novo estudo, as teorias científicas que diziam que os hominídeos só começaram a ter pele clara quando saíram de África estão erradas.
Uma equipa de geneticistas da Universidade da Pensilvânia, em Filadélfia, nos EUA, descobriu que os genes que controlam a cor da pele mudaram antes de os antepassados dos seres humanos modernos abandonarem África. A descoberta foi apresentada num artigo publicado a semana passada na revista Science.
Até agora acreditava-se que os antepassados da espécie Homo sapiens abandonaram África pela primeira vez há 200 ou 300 mil anos, e que todos teriam pele negra.
Segundo a teoria corrente, as diferenças nas condições climáticas no novo habitat – nomeadamente a menor exposição ao Sol – levaram os organismos dos hominídeos migrantes a adaptar-se. Terá sido por essa altura, diz a teoria, que a sua pele se tornou mais clara.
Mas o estudo agora apresentado, realizado por uma equipa de cientistas liderados pela geneticista Sarah Tishkoff, investigadora da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, derruba esta teoria, desacreditando a ideia de que a raça tem raíz biológica.
O estudo da equipa de Tishkoff identificou variações em seis tipos de genes (-SLC24A5, MFSD12, DDB1, TMEM138, OCA2 y HERC2-) e analisou a correlação da evolução das suas mutações com a variação da cor da pele dos hominídeos ancestrais africanos.
A análise dos dados obtidos permitiu concluir que havia habitantes de pele clara em África, considerada o “berço da humanidade”.
“Esta pesquisa é um verdadeiro marco no estudo da diversidade da cor da pele“, diz o geneticista Greg Barsh, do Instituto de Biotecnologia Hudson Alpha de Huntsville, no Alabama.
Os cientistas concordam que o australopiteco, ancestral do Homo Sapiens, tinha provavelmente pele clara por baixo do pelo. “Se temos uma camada de pelo, não precisamos de pele escura para nos proteger da radiação ultra-violeta”, diz Sarah Tishkoff. “Se tosquiarmos um chimpanzé, ele tem pele clara“, acrescenta a geneticista.
O estudo de Tishkoff permite assim essencialmente redefinir noções ultrapassadas de raça, em particular clarificando que não faz sentido usar a cor da pele para classificar os humanos. “Isso seria tão adequado como classificar os homens pela sua altura“, diz Tishkoff.
“Há tanta diversidade nos africanos, que não faz sentido falar em raça africana”, conclui.
ZAP // Science
“Cientistas” que trocam a política pela ciência… Lamentável. Pretos, brancos, amarelos ou vermelhos, são bem diferentes, e não apenas na cor da pele. Pretender fazer igual aquilo que é tão diverso é um péssimo serviço à ciência.