Os trabalhadores da PT estão, nesta sexta-feira, em greve pela primeira vez em dez anos, numa reacção contra a transferência de 155 trabalhadores da operadora de telecomunicações para empresas do grupo Altice e Visabeira.
Os funcionários da PT têm receio de que este seja apenas, o início de despedimentos em massa e querem o regresso à MEO, queixando-se de um ambiente de intimidação. A ideia é reforçada pelo Bloco de Esquerda (BE) que acusa a Altice de estar a enveredar por um verdadeiro “faroeste laboral”.
A greve dos trabalhadores da PT Portugal arrancou à meia-noite desta sexta-feira, com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Portugal Telecom, Jorge Félix, na expectativa de que tenha “uma forte adesão”.
Em declarações à Lusa, o dirigente sindical disse que “há um enorme desespero e revolta”, salientando que os trabalhadores duvidam da “capacidade económica e financeira no futuro” das empresas para as quais vão ser transferidos 155 trabalhadores, e “até da sustentabilidade em pagar os salários” daqueles funcionários.
“Esta situação de revolta e protesto poderá permitir uma forte adesão”, disse, esperando que possa resultar na “maior greve da história da Portugal Telecom”.
A última greve dos trabalhadores da operadora de telecomunicações aconteceu há mais de 10 anos.
Em declarações à Lusa esta semana, fonte oficial da PT Portugal disse que a empresa já activou os “devidos planos de contingência”, esperando-se que os serviços da empresa não sejam significativamente afectados, exceptuando o Atendimento ao Cliente.
“Despedimento encapotado”
Para o líder da CGTP, Arménio Carlos, estas transferências de trabalhadores da PT são uma “situação inadmissível” e um “despedimento encapotado”.
O sindicalista acusa a Altice de ser um “grupo económico com uma história muito triste” e que “tem uma malapata com a lei“.
“Em cerca de dois anos de presença em Portugal, a Altice já pagou coimas superiores a 110 mil euros à Autoridade para as Condições do Trabalho”, refere Arménio Carlos, notando que a empresa também já pagou vários milhões de multas em França.
Os trabalhadores em greve, com o apoio dos diversos sindicatos, têm um desfile previsto até à residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, a partir das 13:30 horas, esperando ser recebidos por António Costa.
O primeiro-ministro já fez declarações de apreensão para com o futuro da PT e a qualidade dos seus serviços, incluindo no debate parlamentar sobre o estado da Nação. Palavras que mereceram críticas por parte da oposição (PSD/CDS-PP) que fala em intromissão em negócios privados, enquanto BE e PCP exigiram a defesa dos direitos dos trabalhadores.
O secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, anunciou na quarta-feira, no Parlamento, que “está já em curso uma acção inspectiva” desencadeada pela Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) sobre o processo de transferência dos trabalhadores.
O português e co-fundador da Altice, Armando Pereira, declarou, entretanto, que o Governo português, “muitas vezes, não vê a importância” do investimento que está a ser feito na economia de Portugal.
O grupo francês Altice, que comprou há dois anos a PT Portugal por cerca de sete mil milhões de euros, anunciou a 14 de Julho que chegou a acordo com a Prisa para a compra da Media Capital, que detém a TVI, por 440 milhões de euros, mas o negócio aguarda ainda pareceres da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e da Autoridade da Concorrência (AdC).
ZAP // Lusa
Pelo parágrafo que confirma o alinhamento dos partidos da direita (PSD e CDS), o dinheiro privado é que interessa e não para o futuro de uma sociedade.
As pessoas que fizeram no passado a empresa crescer e criar a marca PT, são agora as mesmas que o partidos da direita dizem “Salvem-se que nós não queremos saber”.
Uma sociedade depende de todos e não só de dinheiro e lucros.
Infelizmente existe paz social criada pela governação, logo a economia cresce positivamente.
O que seria este país se a direita estivesse no governo 20 anos… ficavam as empresas e desapareciam os trabalhadores (sim os robôs substituem).
Se todos os trabalhadores fizessem greve e mostrar que não é bem o patronato que manda. Queria ver se eles gostassem que, nem fosse um dia, todos não fossem trabalhar. Os milhões que perderiam nesse dia faria pensar 2 vezes. E se não resultasse, eram dias seguidos até ver quem é que domina quem. Infelizmente nem todos pensam igual, é muitos temem represálias.