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Nomeação de amigo de Costa para a administração da TAP é “nódoa” para o Governo

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Tiago Petinga / Lusa

Diogo Lacerda Machado, o amigo e consultor de António Costa

Diogo Lacerda Machado, o amigo e consultor de António Costa

A escolha de Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa, para a administração da TAP, está a aquecer o clima político nacional com Passos Coelho a falar em “pouca vergonha” e numa “nódoa” permanente.

O Expresso noticiou, na edição impressa deste fim-de-semana, os três nomes indicados pelo Governo para o Conselho de Administração da TAP, designadamente, Miguel Frasquilho, ex-presidente da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, para o lugar de chairman, e Ana Pinho, presidente do conselho de administração da Fundação de Serralves, e Diogo Lacerda Machado para os cargos de vogais.

E a escolha do amigo do primeiro-ministro despoletou a revolta de Passos Coelho que fala em “pouca-vergonha”, criticando o Governo por nomear para administrador da TAP “o mesmo homem que andou a negociar a reversão” da privatização da transportadora nacional.

Mas Lacerda Machado, contactado pelo Expresso, diz que não tem “vergonha” nenhuma e que tem é “imenso orgulho” no que ajudou “a fazer”. “Foi com sentido de serviço público”, diz.

“Os factos mostram que foi possível reconfigurar a privatização da TAP para um modelo em que os privados investem o mesmo, mas ficam com 45% do capital da empresa, em vez de 61%”, destacou ainda.

“É o mesmo sentido de serviço público que me levou a aceitar e, suponho, que a ser convidado”, concluiu o advogado que já esteve envolto em várias polémicas, nomeadamente quanto ao seu salário ou, mais precisamente, ao facto de estar a colaborar com o Governo sem receber qualquer pagamento.

Passos Coelho criticou a escolha de Lacerda Machado durante a convenção autárquica do PSD de Viseu, considerando que “fica tão mal a quem nomeia como a quem aceita”.

O líder do PSD salientou que um Executivo não se pode “andar a meter nas eleições autárquicas, a fazer favores aos autarcas amigos e do partido, como acontece com este Governo de forma descarada”.

Para Passos Coelho, a escolha de Lacerda Machado será uma “nódoa” permanente para este Governo.

“Pouca vergonha é Passos ter privatizado TAP pela calada da noite”

Entretanto, o Governo, pela voz do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, já veio defender a escolha de Lacerda Machado, notando que este “já deu provas de saber negociar vários dossiês complexos, mas sobretudo saber interpretar bem os interesses públicos”.

“Pouca vergonha é Passos Coelho nunca ter explicado aos portugueses porque é que privatizou a TAP pela calada da noite e já com o seu Governo demitido”, salientou o ministro em declarações à agência Lusa.

“Essa opção, essa pouca vergonha, obrigou-nos a uma negociação muito dura, muito difícil e muito longa, com os accionistas privados, que concluímos com sucesso, recuperando para o Estado a posição de maior accionista da TAP, e dando mais futuro à empresa que, aliás, teve um último ano e meio bom”, disse, acrescentando que Lacerda Machado “acompanhará agora” também “o novo presidente do Conselho de administração, Miguel Frasquilho”.

A escolha de Lacerda Machado não evidencia “qualquer conflito de interesses”, tanto mais que o advogado “nem sequer está a ser nomeado pelos [accionistas] privados”, destacou ainda o governante.

O aviso do Bloco de Esquerda

O Bloco da Esquerda também já veio criticar a escolha de Lacerda Machado, com Catarina Martins a considerar que é preciso “acabar com os velhos hábitos que nos dão pouca segurança sobre a qualidade da nossa democracia”.

“Está no momento de, no Parlamento também, podermos conversar melhor sobre estas matérias porque a credibilidade é algo que se conquista a cada dia, com decisões transparentes, com decisões que cada um e cada uma possa compreender e possa ter a certeza que são feitas em nome do interesse público”, apontou a líder bloquista.

ZAP // Lusa

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5 Comments

  1. Pois, a TAP não podia ser privatizada. Não podia ser privatizada para continuar a ser, não dos portugueses, mas de uma pitas que debicam à volta do galo do poleiro. Há que manter o galinheiro bem alimentado…
    Mas não vale a pena ficarmos tristes, afinal de contas já estamos habituados a isto, e para não vir para aqui resmungar o mesmo comentador do costume que não se cansa de desbobinar a cassete vezes sem fim, até digo que o mal é transversal a todas as cores políticas.

    Aqui fica uma música para alegrar um pouco, enquanto a triste realidade não muda:

    https://www.youtube.com/watch?v=cxVLQLWIs_U

  2. É de facto vergonhoso este tacho! Mas o Passos que esteja caladinho, porque o Costa ainda tem de dar muita corda aos sapatos para o apanhar em matéria de clientelismo.

    • Não me parece nada vergonhoso, a mesma pessoa que negociou a favor do interesse público, intercede agora também a pedido do governo, novamente a favor do interesse público na administração da TAP.
      Conflito de interesses era se fosse um administrador escolhido pelos privados.
      O passos fedelho nesta matéria devia estar caladinho porque tem muitos telhados de vidro. Só na tecnoforma então nem se fala, e nas negociatas com o seu amigo relvas analfabruto nem se fala.
      Enfim…

  3. Bom dia!

    Fui um excelente aluno e tenho tido uma carreira profissional cheia de sucessos, tendo sabido gerir as minhas empresas (criadas por mim e não herdadas), em vários ramos, de uma forma exemplar.
    Estava interessado num desses “postos de trabalho” criados na TAP, pagos por todos nós. Informo que não sou filiado em qualquer partido, nem possuo contactos ou familiares influentes.
    Posso aceder a esses cargos ou como não tenho apoio partidário, nem contactos influentes, não me enquadro no perfil pretendido e a minha função enquanto cidadão é apenas a de contribuinte?
    Peço desculpa pelas questões, mas observando o naipe de personalidades escolhidas para os novos “postos de trabalho” na TAP, é só o que me ocorre perguntar…

    Cumprimentos,

    Espectador

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