A primeira vítima portuguesa conhecida do “Baleia Azul” deu uma entrevista à RTP, onde explica o que a levou a atirar-se de um viaduto, em Albufeira, e alerta os mais jovens para os riscos deste jogo.
Irina Kornutyi, de 18 anos, explicou à RTP, numa entrevista exibida no programa “Sexta às 9”, que entrou neste jogo que incita ao suicídio “por falta de carinho”.
A jovem, filha de pais ucranianos imigrados em Portugal, saiu do Hospital de Faro há apenas dois dias, depois de ter estado internada com ferimentos diversos, após se ter atirado de um viaduto em Albufeira.
Irina diz que cumpriu apenas as três primeiras etapas do Baleia Azul, gravando com uma faca a palavra “sim” numa perna e a expressão “F57” na palma da mão, e vendo filmes de terror às 4:20 da manhã.
A jovem conta que, depois disso, quis sair do jogo, mas que o curador, um “brasileiro”, a ameaçou, revelando ter conhecimento dos seus contactos, da morada, do telefone e do nome dos pais.
O curador impôs-lhe então duas hipóteses: “ou continuo o jogo ou salto de um prédio”, conta Irina na RTP.”Eu decidi acabar com a minha vida porque tinha a auto-estima baixa, discussões com a minha mãe todos os dias, isolava-me, pensava que tinha perdido os meus amigos para sempre”, revela a jovem.
Irina contou ainda, na RTP que só enviou os vídeos das auto-mutilações ao curador do jogo, que encontrou numa rede social russa, e a um amigo ucraniano.
O programa “Sexta às 9” tinha falado, num episódio anterior, com um brasileiro que dizia fingir ser um curador para tentar demover os jovens do jogo. Irina diz agora, que esse brasileiro será o curador a quem enviou os seus vídeos.
Este homem, que nunca deu a cara, segundo Irina, apagou entretanto, todos os seus perfis da Internet, conforme avança a RTP.
“Eu sentia-me sozinha, parecia que na altura não tinha ninguém para conversar“, diz ainda a jovem sobre a forma como se envolveu no “Baleia Azul”.
Como recomendação aos pais de outros jovens, ela refere que devem “dar mais atenção e mais carinho aos filhos”. “Era uma coisa que eu gostava de ter”, lamenta Irina.
Jovem de 14 anos terá morrido por causa do jogo
Entretanto, o “Sexta às 9” apurou que a morte de uma jovem de 14 anos se suicidou na estação Braço de Prata, em Lisboa, no passado dia 15 de Maio, tendo sido colhida por um comboio, está relacionada com o “Baleia Azul”.
A tia da vítima, com quem a menor vivia, conta no programa que uma amiga da sobrinha lhe disse que ela andava a jogar o jogo.
A Comissão de Protecção de Menores estava a acompanhar a adolescente, a pedido da família, mas, mesmo assim, não foi possível evitar o pior cenário.
Também há adultos envolvidos no jogo
Entretanto, a GNR revela que já recebeu duas queixas de adultos e ainda 18 denúncias de familiares de adolescentes relacionadas com o “Baleia Azul”, aponta a TSF.
“Há 20 situações denunciadas por pais, familiares e pelos próprios atingidos”, revela à estação de rádio o Major Paulo Poiares, responsável pela área dos programas especiais da GNR, incluindo o Escola Segura.
O Major nota que são casos basicamente caracterizados por “auto-mutilações” e explica que as queixas são encaminhadas para a Polícia Judiciária. Mas a GNR tenta também “identificar o site, reencaminhar o jovem para o hospital e alertar a família”, nota Paulo Poiares na TSF.
O elemento da GNR aproveita para alertar que há outros jogos, além do “Baleia Azul”, disseminados entre os jovens através da Internet, que acarretam “especial risco” para a saúde”, citando os exemplos da asfixia, em que se fica sem respirar o maior tempo possível, e a “moda” de dar um soco no peito de alguém provocando-lhe o desmaio.
Paizinhos, não façam o vosso trabalho de casa como deve ser, depois queixem se.