Está o caldo entornado entre o PS Braga e a estrutura nacional do partido. Tudo por causa da escolha dos candidatos do distrito para as próximas eleições autárquicas. A Federação socialista bracarense acusa o PS nacional de agir ao estilo “posso e mando”.
O desagrado do PS Braga prende-se com a escolha dos candidatos autárquicos do partido para vários concelhos do distrito, nomeadamente Fafe, Barcelos e Vizela.
A guerra interna levou o PS nacional a impor as suas escolhas, conforme avança o Expresso, o que leva o presidente da Federação bracarense, Joaquim Barreto, a sentir-se “desrespeitado e deconsiderado”, conforme cita o semanário.
Perante isto, o PS Braga aprovou uma moção de censura que visa directamente a secretária-geral adjunta do partido, Ana Catarina Mendes, uma vez que ela terá rejeitado várias das opções apresentadas pela distrital para as autárquicas.
O Expresso nota que o PS Braga acusa o PS nacional de agir ao estilo do “quero, posso e mando”. O semanário acrescenta que o documento já foi entregue a António Costa com a nota de que o primeiro-ministro “cala e consente” esta “ingerência abusiva” no âmbito do poder local.
O teor da moção de censura não foi contudo, oficialmente revelado pelo PS Braga que decidiu, em reunião na segunda-feira à tarde, não divulgar o documento, conforme aponta o Jornal de Notícias citando Joaquim Barreto.
Um dos principais pontos de polémica entre a Federação e o PS nacional foi o jantar de 25 de Abril, organizado pela Câmara de Fafe, que é liderada por Raul Cunha, um independente que tem o apoio da estrutura do partido em Lisboa. Mas a concelhia e a distrital preferiam apoiar Antero Barbosa, militante socialista que concorre também como independente.
Ora, o PS nacional enviou Manuel Pizarro, o candidato do partido no Porto, marcar presença no apoio a Raul Cunha. Nesse mesmo dia, Antero Barbosa também organizou um jantar sem que ninguém do PS nacional lá tenha estado.
A grande preocupação do PS nacional é que o partido venha a perder a sua influência num distrito que tem sido considerado um bastião socialista.
Antes destes novos dados, Ana Catarina Mendes já tinha sido confrontada com as desavenças com o PS Braga e tinha desvalorizado a polémica, em entrevista ao Observador, embora assumindo a turbulência interna.
“O PS felizmente é um partido plural e abrangente. Isso permite que no Congresso Nacional tenhamos definido como critério recandidatar todos os presidentes de câmara eleitos. Não há democracia sem procedimentos, não há democracia sem regras”, disse a secretária-geral do PS.