O director da Polícia Judiciária, Almeida Rodrigues, vai fazer queixa do juiz Carlos Alexandre, acusando-o de violar os seus deveres de correcção. Em causa estão declarações do “super-juiz” por causa de uma “cunha” da PJ para a legalização da namorada de um informador.
O jornal Público apurou, junto de fonte próxima de Almeida Rodrigues, que o director nacional da PJ vai acusar Carlos Alexandre, junto do Conselho Superior da Magistratura, de violação dos deveres de correção, imparcialidade e reserva.
Em causa estão declarações feitas pelo “super-juiz” durante um interrogatório da “Operação Aquiles” ao inspector da PJ Ricardo Macedo que, juntamente com o ex-inspector já reformado Dias Santos, é suspeito de ter recebido dinheiro de traficantes de droga em troca de informação privilegiada.
Durante esse interrogatório, Macedo terá contado a Carlos Alexandre que um informador da PJ, que seria traficante de droga e que estaria ligado a grupos terroristas, terá solicitado a legalização da namorada, uma brasileira de 23 anos, em troca da colaboração com a polícia portuguesa.
Perante esta revelação, Carlos Alexandre terá dito que a situação seria “escalpelizada até onde fosse preciso”, cita o Público.
O jornal nota ainda que o pedido de legalização da namorada do informador da PJ foi feito em 2012, com a assinatura do próprio Almeida Rodrigues e com destino ao então director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Jarmela Palos, que é um dos arguidos do caso de corrupção do processo dos Vistos Gold.
“O Dr. Almeida Rodrigues a assinar um pedido para que uma brasileira ficasse como cidadã nacional por compensação de ter sido prestado um bom serviço à polícia? Não me revejo em nada disso e vou reponderar essa parte gaga“, terá notado ainda o juiz, conforme declarações divulgadas pelo jornal Sol.
Ora, o director nacional da PJ não gostou do que ouviu. “O juiz não sabe o que está a dizer. Desconhece a lei e faz comentários completamente desajustados“, refere citado pelo Público.
Almeida Rodrigues realça ainda que está em causa um procedimento legal que permite atribuir a autorização de residência, a título excepcional, a cidadãos cuja permanência em Portugal seja considerada do interesse nacional.