O criador da série “Calvin & Hobbes”, o norte-americano Bill Watterson, foi hoje o vencedor do grande prémio de banda desenhada de Angoulême, França.
O grande prémio do Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, que termina hoje, é a mais prestigiada distinção da banda desenhada francófona.
Os outros finalistas do grande prémio eram o japonês Katsuhiro Otomo, autor de “Akira”, e o argumentista e escritor britânico Alan Moore (Watchmen).
“Calvin & Hobbes” são pequenas histórias envolvendo um menino e o seu tigre de peluche publicadas entre 1985 e 1995 em 2.400 jornais e com 30 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo.
Bill (William) Watterson nasceu a 05 de julho de 1958, em Washington, e cresceu nos subúrbios de Cleveland. Apaixonado pela banda desenhada desde a infância, foi contratado como desenhador no jornal “Cincinnati Post” depois de terminar os estudos em ciências políticas.
A 18 de novembro de 1985, a “Universal Syndicate Press” publica a primeira “tira” das histórias de Calvin e do seu boneco de peluche. É o princípio de um sucesso extraordinário, com as histórias da infância e da imaginação do jovem e as críticas sociais implícitas a serem publicadas no mundo inteiro e traduzidas em 40 línguas.
Em 1992, Watterson recebeu o prémio de melhor álbum estrangeiro no Festival de Angoulême e, em 1986, já tinha sido premiado também pela Sociedade Nacional de Banda Desenhada dos Estados Unidos.
Em guerra com o seu editor a partir de 1988, que lhe queria impor outros produtos derivados do sucesso de Calvin (merchandising), consegue também recuperar os direitos das personagens que tinham sido cedidos à Universal Press Syndicate e coloca fim a todas as pretensões de criar produtos à volta de “Calvin & Hobbes”.
A 31 de dezembro de 1995, em plena glória, Bill Watterson coloca um ponto final nas aventuras do travesso Calvin e do seu inseparável tigre e que só com ele ganha vida.
A partir dessa altura Watterson dedica-se à pintura e à família. Não esteve em Angoulême para receber o prémio.
“Escrever e desenhar são ações lentas, refletidas, que não podem ter distrações”, escreveu no prefácio de um livro com histórias de Calvin e do seu tigre.
Herr Seele e Kamagurka receberam o prémio património, pela obra “Cowboy Henk” e “Um fanzine quadrado”, revista editada em Genebra, recebeu o prémio de banda desenhada alternativa.
O prémio do melhor álbum foi para “Come Prima”, d’Alfred, o prémio especial do júri para “La proprieté”, de Rutu Modan, e o prémio de série para “Fuzz & Pluck”, de Ted Stearn.
O fanzine luso-angolano BDLP, dedicado à banda desenhada do espaço da lusofonia, estava nomeado para o prémio de melhor banda desenhada alternativa, dedicada a pequenas publicações independentes.
Angoulême, localidade francesa que se tornou conhecida há 40 anos, por acolher o mais importante evento europeu dedicado à banda desenhada, mobiliza, durante o festival, 200 mil visitantes.
/Lusa