Uma chiclete. Essa foi a chave para solucionar um assassinato que ocorreu há mais de 35 anos em Inglaterra.
Corria o ano de 1981.
No Chile, o general Augusto Pinochet autoproclamava-se presidente da República. O então presidente dos EUA, Ronald Reagan, e o Papa João Paulo II foram vítimas de atentado. A MTV, o primeiro canal de televisão a passar música 24 horas por dia, entrava no ar. Foi o ano em que o Post-It foi inventado. O príncipe Carlos casou com Diana.
Em Portugal, o Benfica sagrava-se campeão, após 3 anos com duas vitórias do Porto e do campeonato com que o Sporting quebrava o seu famoso jejum de 18 anos sem ganhar. Pinto Balsemão era primeiro-ministro. Quem ia à praia via uma bola gigante da Nívea, mas ninguém precisava mesmo de usar protector solar.
E uma mulher chamada Nova Welsh, de 24 anos, que vivia em Birmingham, no norte de Inglaterra, desaparecia. O seu corpo foi encontrado dentro de um armário, na sua própria casa, três semanas mais tarde.
Acredita-se que Welsh foi morta na madrugada do dia 27 de julho desse ano. De acordo com a autópsia, a causa da morte foi estrangulamento. Mas os anos passaram-se, e a polícia não conseguia descobrir o culpado… até agosto do ano passado.
Uma chiclete castanha
A descoberta só foi possível graças aos avanços científicos que permitem, actualmente, identificar o DNA de uma pessoa – mesmo muitos anos depois, e em circunstâncias insólitas.
Ao tentar esconder o corpo de Nova Welsh, o assassino partiu a fechadura da porta do armário. E como não conseguia fechar a porta, resolveu recorrer à ajuda de uma chiclete que estava a mastigar na altura.
Os anos passaram, e a chiclete até mudou de cor – ficou castanha e empoeirada. Mas apesar disso, os investigadores conseguiram, em agosto do ano passado, encontrar nela vestígios de DNA. O DNA do assassino.
E então, quem é o assassino?
Nova Welsh foi assassinada por Osmond Bell, ex-companheiro da vítima e pai dos seus dois filhos, que na altura tinham menos de seis anos.
Os investigadores também descobriram o que consideram uma probabilidade de “uma em um milhão”: o DNA de Bell numa carta anónima, enviada logo após o crime, na qual culpava outra pessoa, para tentar eliminar as suspeitas que poderiam existir sobre o seu envolvimento no assassinato.
Osmond Bell, que hoje tem 60 anos, foi condenado a 12 anos de prisão, após um julgamento em Birmingham, que acaba de ser concluído, e no qual o juiz Patrick Thomas concluiu que o assassinato foi motivado pelo ciúme de Bell.
“Welsh tinha sido vítima de violência doméstica, mas conseguiu sair dessa redoma e tentou reconstruir a vida com um novo namorado”, disse Thomas. “Só que Bell não o aceitava. O assassinato ocorreu após uma briga entre os dois no apartamento de Nova Welsh”, acrescentou o juíz.
A mãe da vítima, Lorna Welsh, diz que agora, após a condenação do assassino, a sua filha pode finalmente descansar em paz. Graças a uma chiclete.
ZAP // BBC