Um relatório preparado por uma comissão do Parlamento Britânico sugere que o Palácio de Buckingham deveria ser aberto para receber visitantes quando a rainha não estiver na residência.
O Comité de Contas Públicas fez a sugestão depois de analisar os gastos da Casa Real, departamento que gerencia e administra os negócios oficiais da rainha Isabel II.
O relatório concluiu que as contas deixaram um buraco no orçamento de 2,3 milhões de libras (cerca de 2,8 milhões de euros) no Sovereign Grant, fundo de 31 milhões de libras (cerca de 37,5 milhões de euros) de dinheiro público dado à rainha todos os anos para ser gasto nas suas funções oficiais.
O dinheiro, transferido pelo Tesouro, é usado para pagar os gastos com compromissos oficiais, funcionários e a manutenção dos palácios. O rombo teve que ser coberto com um fundo de reserva.
É preciso “mais firmeza” no planeamento
A Casa Real tem sido criticada pelo buraco no orçamento. A presidente do comité, a deputada trabalhista Margaret Hodge, disse que havia “enorme margem para poupança” nos gastos da monarca.
“Não estamos a acusar ninguém de exceder-se, o que estamos a dizer é que não achamos que a rainha esteja a ser bem servida pela Casa Real e pelo Tesouro”, disse a deputada ao programa Today, da Radio 4 da BBC.
Para Hodge, a Casa Real deveria mostrar “mais firmeza” na elaboração de planos de contingência para lidar com rombos e ao orçar custos de reformas e consertos. Além disso, o Tesouro teria o “dever de estar ativamente envolvido em rever os planos e a administração financeira da Casa”.
Hodge disse que a Casa Real escapou das medidas de austeridade impostas ao setor público, reduzindo os gastos em apenas 5% nos últimos seis anos. “Eles mantiveram a mesma quantidade de funcionários que tinham há cinco anos, e certamente devem ter atenção às propriedades do património histórico.”
Visitas só em setembro e outubro
“A rainha pode atrair rendimentos, com os visitantes do Palácio de Buckingham, mas o Palácio de Buckingham está aberto apenas 78 dias por ano, e recebe apenas cerca de meio milhão de visitantes“, acrescentou a deputada. “Compare isso com a Torre de Londres – eles recebem mais de 2 milhões de visitantes.”
Hodge afirma que aumentar o número de visitantes anuais ajudaria a pagar por melhorias para reduzir as contas de eletricidade e gás, e serviria para financiar reformas tanto para o Castelo de Windsor quanto para o Mausoléu da rainha Victoria e do príncipe Albert, que está há 18 anos à espera de reparações.
As “salas de Estado” do Palácio de Buckingham – projetadas para monarcas “receberem, recompensarem e entreterem seus súditos e dignitários em visita” – são abertas ao público pagante todos os anos durante agosto e setembro, desde 1993.
Inicialmente, essa receita ajudou a pagar pela restauração do castelo de Windsor, que foi danificado por um incêndio em novembro de 1992, e hoje destina-se à instituição de caridade Royal Collection Trust, que administra a Royal Collection – “uma das coleções de arte mais importantes do mundo”.
O Sovereign Grant deve subir para 37,9 milhões de libras (cerca de 46 milhões de euros) em 2014-15.
ZAP / BBC