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O Facebook pode ter ajudado Trump a ganhar as eleições

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wiredphotostream / Flickr

Mark Zuckerberg, fundador do Facebook

Mark Zuckerberg, fundador do Facebook

A rede social parece ter dado ao empresário alternativas para enfrentar apoio massivo da imprensa tradicional a Hillary Clinton, mas também despertou debate ético.

Nos Estados Unidos, a imprensa leva muito a sério seu papel no processo democrático. Quando chega o momento de uma eleição presidencial, jornais e revistas acreditam que o seu apoio formal a um ou outro candidato é repleto de significado, e que as suas recomendações serão analisadas com seriedade pelos seus leitores.

Agora sabemos que já não é bem assim.

Praticamente todos os grandes jornais dos EUA ou declararam apoio a Hillary Clinton ou deixaram de apoiar Donald Trump na campanha de 2016.

E isso inclui meios de comunicação que no passado foram fiéis a candidatos do Partido Republicano.

Na verdade, a imprensa americana, assim como as cadeias de Televisão, estão a despertar para o facto de que a sua influência pode ser mínima em comparação com o Facebook.

Em 1992, nas legislativas do Reino Unido, o tablóide The Sun gabou-se de ter “vencido” as eleições para o Partido Conservador de John Major, que estava em situação delicada na disputa com os trabalhistas.

Nos EUA, agora, há quem pergunte se a rede social mais popular do mundo não fez o mesmo no triunfo de Trump.

Eis o argumento principal: 156 milhões de americanos têm contas no Facebook e, de acordo com pesquisas, pelo menos dois terços deles usam a rede social como fonte primária de notícias.

Essas notícias podem, volta e meia, vir de veículos mais tradicionais de comunicação – incluindo os jornais que endossaram Hillary.

Mas o que cada utilizador vai ver dependerá de quem são os seus amigos e do que eles partilham.

Daí vem a noção de uma “bolha”: pessoas que estavam inclinadas a votar em Trump nas eleições da última terça-feira apenas viram histórias que reflectiam a sua visão do mundo, e o mesmo se passou com aqueles que simpatizavam com Hillary.

O peso das notícias falsas

É claro que podemos dizer que esse tipo de filtragem sempre ocorreu – pessoas de orientação liberal tendiam a ler jornais liberais. Pessoas mais conservadores encontravam as suas ideias refletidas pelo que liam.

A diferença é que a maioria dos editores tentava fazer duas coisas – apresentar pelo menos algumas opiniões alternativas e assegurar que os factos de qualquer história fossem verificados.

O Facebook não leva a cabo nenhum desses dois procedimentos. O algoritmo do feed de notícias veicula o que “pensa” ser a sua opinião e dos seus amigos, e certamente que não verifica factos.

Um exemplo: durante a campanha presidencial americana, histórias falsas acusando Hillary de assassinato ou que “revelavam que o presidente Barack Obama é muçulmano” apareceram nas páginas de pessoas com tendência de apoio a Trump.

Também ocorreu o contrário. Um falsa declaração supostamente feita pelo bilionário em 1998, em que dizia que seria simples ser candidato pelo Partido Republicano “porque os seus eleitores são burros”, continua a circular na rede social graças à partilha de americanos que não gostam de Trump.

Os dois grandes partidos americanos, Democrata e Republicano, têm usado extensivamente o Facebook como arma eleitoral nos últimos anos.

Porém, para Trump, as redes sociais foram uma forma poderosa de levar a sua mensagem directamente ao eleitorado. Ainda mais porque a sua campanha considerava a maior parte da imprensa tradicional como hostil e parcial.

Mark Zuckerberg

Mark Zuckerberg e Priscilla Chan com a filha Max

Mark Zuckerberg quer criar um mundo melhor para as nossas crianças. Terá dado um passo em falso?

É possível dizer que, sem o Facebook, Trump não seria o próximo ocupante da Casa Branca?

É difícil responder, mas parece provável que as redes sociais serviram para polarizar opiniões numa campanha eleitoral já acalorada. E que podem ter ajudado a trazer eleitores indecisos para o lado do bilionário.

E isso coloca em causa o argumento do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, de que a rede social é apenas uma plataforma tecnológica, não uma poderosa empresa de comunicação.

Mas há alguns sinais de que o Facebook está pronto a encarar essa imensa responsabilidade – ou pelo menos reflectir sobre os recentes eventos.

Na quarta-feira, a jornalista da BBC Jane Wakefield entrevistou o director de Tecnologia da empresa, Mike Schroepfer, durante uma passagem por Londres, e perguntou-lhe qual o papel que, na sua opinião, as redes sociais tinham desempenhado nas eleições.

“É difícil especular. A nossa premissa é que as pessoas podem publicar e comunicar o que quiserem discutir”, disse o executivo.

Mas Zuckerberg também falou.

Num post em que revelava “estar esperançoso” – e com uma foto a segurar a filha bebé enquanto assistia à cobertura das eleições – o criador do Facebook contou-nos que estava “a pensar em todo o trabalho que tinha pela frente para criarmos o mundo que queremos para as nossas crianças”.

Zuckerberg falou especificamente em curar doenças, melhorar a educação, ligar as pessoas e promover oportunidades iguais – e definiu esta missão como “maior do que qualquer presidência”.

Nos comentários, diversas pessoas pareceram apreciar o pensamento de Zuckerberg.

“Obrigado por estar a usar a sua influência para o bem” foi uma resposta típica.

Mas Zuckerberg não apresentou ainda uma reflexão sobre como influenciou a forma como os americanos viram a campanha eleitoral e se o seu impacto foi positivo para o processo democrático.

Magnatas da imprensa ao longo da história, como William Randolph Hearst e Rupert Murdoch, têm tentado dominar a política – e orgulham-se desse poder.

Mas Mark Zuckerberg parece determinado a fingir que ele não é nem mais nem menos influente que qualquer um dos 1,6 mil milhões de pessoas que são seus “leitores”.

E que nos últimos dias viram o mundo mudar.

 ZAP / BBC

13 Comments

  1. Quem VENCEU foram os AMERICANOS………Quem somos nós para questionar o voto LIVRE do povo AMERICANO???? Será a nossa inteligência?????
    Tenham VERGONHA reconheçam a soberania daquela gente…………..porque SÓ EM PORTUGAL A PESSOA MAIS VOTADA NÃO ASSUME OS DESTINOS DO PAÍS……..A FATURA SEGUE EM BREVE!

  2. Por acaso eu tb acho que era melhor para todos que ganhasse a Hilary. Mas esta-me a fazer uma grande confusão que toda esta gente não esteja a aceitar pacífica e DEMOCRATICAMENTE a vitória do Trump. Mas afinal, ele foi eleito segundo as regras democráticas estabelecidas na América, qual é o vosso problema? Tomem mais aspirinas.
    Ou então, se acham que alguma coisa está mal, ela chama-se DEMOCRACIA.
    É que estão todos a ficar mt mal na fotografia ao não aceitarem os resultados das eleições e ao ficarem tão azedos, violentos até. Estão a fazer exatamente aquilo que sempre se pensou que os apoioantes do Trump iriam fazer se não ganhassem.

    Párem de nos embraraçar a todos…

  3. A contagem oficial nao acabou ainda (ninguem noticia este facto) e segundo as projeccoes o TRUMP ira ganhar tambem no voto popular (+/-67.900.000 contra 67.200.000 da Hillary) e aumentar o numero de representantes acima dos 300. Enfim…

    • Bem… à medida que vão saindo os resultados a distância no voto popular entre a Clinton e o Trump vai aumentado já foi de 47.7% para a Clinton contra 47.5% do Trump no dia das eleições… e já está nos 47.8% da Clinton contra os 47.3% do Trump… com os votos que faltam ainda esperas que o Trump ganhe no voto popular???!!!… Hum… não me parece…
      Sei que é com eles mas como afeto o resto do mundo também opino… Realmente algo vai mal com este modo de eleição para o colégio eleitoral… tirando possivelmente os casos dos estados Maine e Nebraska… Engraçado que no desfasamento entre o voto popular e colégio eleitoral, quem sai sempre beneficiado é o candidato republicano…

    • Ops…
      Carlos Costa… os seus dados estão cada vez piores… a distância no voto popular entre a Clinton e o Trump em vez de diminuir é cada vez maior… já vai em 47.9% para a Clinton contra 47.2% do Trump…
      O que demonstra que apesar de infelizmente o sistema eleitoral americano ser estúpido… pelo menos a maioria do seu povo ainda não o é…

  4. Só em Portugal é que os jornalistas conseguem ser mais imbecis que o próprio povo, porque o povo é ignorante, é certo, mas os jornalistas ESCOLHEM a ignorância. E sinceramente, entre 100 notícias, só uma ou duas não são uma completa parvalheira total. Sou escritor, sou investigador, sou universitário, sou Licenciado, e apoiei MUITO o Donald Trump, porque percebi que BURROS são vocês todos que não apoiaram. E isto é noticiário de merda, como é comum em Portugal. Por isso é que os Portugueses não sabem nada do que se passa no mundo. O facebook ajudou as pessoas que não possuem um retardo grave a perceber o que se passa no mundo, a ver os factos, a reber a verdade do Wikileaks e do FBI que os noticiários do mundo recusavam a passar, e portanto, retardados são vocês que confiam nestas noticías escritas por e para atrasados mentais. TENHAM VERGONHA! São os jornalistas em Portugal que andam a enterrar o país,… fora os que foram despedidos por tentar fazer alguma coisa decente.

    • Bem…
      Quando alguém usa argumentos como “só em Portugal” já se sabe que não vem aí grande coisa e, mais uma vez, essas “limitações” vieram ao de cima…
      Generalizar e chamar burros e ignorantes, também costuma ser bom sinal!…
      .
      E completamente errado julgar uma classe (neste caso, os jornalistas) ou um povo, pela sua própria imagem(ou pela sua família, amigos ou meio social)!…
      Depois, quando escreve “os portugueses não sabem o que se passa no mundo”, claramente está a falar de si!..
      E, mais uma vez, fica provado que não é por se ser “licenciado”, que se tem mais conhecimento/sabedoria, cultura, bom-senso ou até educação!…
      Um “investigador” devia, pelo menos informar-se sobre a vida do Trump, antes de insultar todos os portugueses…
      Mas, como em todas as outras profissões, há bons e maus profissionais…
      Também é verdade que não faltam por esse mundo fora, escritores ignorantes e estúpidos…
      .
      Mas, realmente o Trump é um “anjo” e todo o mal do mundo é culpa dos jornalistas portugueses!…

  5. caro Dan . Estou inteiramente consigo e partilho das suas opiniões. Temos jornalistas, psicologos, opinadores, politologos e afins que são um verdadeiro desastre para não dizer uma grande merda. Tento ver o menos possivel os telejornais pois são mais que facciosos e tendenciosos, veja-se entre muitos aquela anoretica da TVI que dá pelo nome de Constança, que é de uma parvoice atroz, tem a mania que percebe de politica e é extremamente facciosa. Pro Costa como não podia deixar de ser. Uma grande percentagem dos portugueses são mesmo burros e têm dentro das carolas nada mais que caca de pombo. Tenho orgulho em ser português, mas se p tivesse que mudar de nacionalidade, preferia ser Preto e Americano. Isto diz tudo ou não ? Um preto americano é sempre alguem e um Português quase ninguerm o conhece. É A VIDA como akguém dizia.

    • É triste não ter capacidade para mais…
      Devia canalizar essas frustrações para se instruir e fazer algo de bom por sim e pelo país…

  6. Uma vergonha, que os jornalistas, que por profissão deveriam ser isentos nas suas opiniões, apenas relatando factos e verdades, sem serem tendenciosos, não o façam, e ainda assumam que fazem campanha por este ou aquele partido/pessoa.
    Como se pode acreditar num jornalismo assim, que logo à partida sabemos que é tendencioso? Já não se podia acreditar nos políticos em geral, agora vê-se que também não se pode acreditar no jornalismo, o que nos resta? ONDE FICA A VERDADE NO MEIO DISTO TUDO ???? Penso que estamos a viver tempos estranhos, onde a verdade não conta para nada, mas sim os interesses de cada um. Uma vergonha!

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