Da extrema-direita à esquerda, dos magistrados aos futebolistas, toda a gente critica François Hollande, presidente de França, pelas confidências que revela num livro polémico. A obra que deveria “salvar” a face de Hollande parece estar a “enterrá-lo” num mar de críticas.
“Un président ne devrait pas dire ça…” (Um presidente não deveria dizer isso…), livro escrito por dois jornalistas do Le Monde, Gérard Davet e Fabrice Lhomme, com base em conversas com Hollande, coloca o chefe de Estado de França no centro das críticas de todos os quadrantes políticos, da esquerda à direita.
As “balas” contra Hollande chegam até do ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Marc Ayrault, considerado próximo de Hollande ou não tivesse sido seu primeiro-ministro entre 2012 e 2014.
“Um presidente não devia dizer isto… A resposta está no título, é a única coisa interessante do livro”, salienta Ayrault, citado pelo 20minutes.fr.
Este azedume todo justificar-se-á também porque Hollande fala de Ayrault no livro como alguém “tão leal que é inaudível” e que “faz o seu trabalho sem entusiasmo excessivo”.
“Pelo menos quatro assassinatos selectivos”
O livro deveria ser uma espécie de “operação de resgate” do presidente francês, conforme aponta o jornal Le Figaro, nas vésperas das eleições presidenciais em que Hollande espera ser eleito para um segundo mandato.
O objectivo seria a “reconciliação” com a esquerda, mas as “confissões do chefe de Estado não param de provocar reacções hostis”, sustenta o diário francês.
Entre as revelações mais surpreendentes do livro, François Hollande revela ter “decidido, pelo menos, quatro assassinatos selectivos“, pretensamente de terroristas jihadistas, destaca o Le Figaro, realçando que terão sido feitos ao abrigo das chamadas “Operações Homo” (sendo “homo” de homicidas).
A direita critica a revelação de um segredo militar e o líder do Partido de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, fala em actos passíveis de serem julgados no Tribunal Penal Internacional, de acordo com o 20minutes.fr.
E ninguém considera válida a defesa de Hollande que diz que “outros presidentes fizeram o mesmo” – talvez por nunca o terem assumido num livro.
Revolta nos socialistas, na extrema-direita e até na Grécia…
Os incómodos com a obra estendem-se à Frente Nacional de Marine Le Pen e especialmente pela ideia de Hollande de que “a mulher com véu de hoje em dia, será a Marianne de amanhã”.
Marianne é a figura simbólica da República Francesa e o partido de extrema-direita não gostou da comparação e nem a contextualização feita pelo presidente no livro alivia o desconforto.
“De uma certa maneira, se lhe oferecermos as condições para o seu florescimento, ela libertar-se-á do seu véu e tornar-se-á uma francesa, continuando a ser religiosa se o quiser ser”, afiança Hollande na obra onde assume ainda que o “Islão da França” é “um problema” por “exigir locais, reconhecimentos”.
Outra das confidências do presidente francês que está a causar desconforto, mas mais à esquerda, é a ideia de que há demasiados imigrantes, princípio contrário àquilo que o presidente socialista tem defendido publicamente.
“Há demasiadas chegadas, imigração que não devia acontecer”, aponta Hollande que fala ainda da necessidade de “um acto de liquidação”, de um “hara-kiri” para o Partido Socialista.
Ele diz que gostaria de acabar com o partido que já dirigiu para criar um novo partido progressista, um dado que deixou a actual direcção socialista em fúria.
Mas as revelações de Hollande também incomodam na Grécia, já que revela no livro que o governo de Alexis Tsipras terá pedido a Vladimir Putin para “imprimir dracmas na Rússia porque eles já não tinham impressoras para o fazerem”, referindo-se à moeda grega antes da passagem ao Euro.
Críticas aos magistrados, aos futebolistas e a Sarkozy…
Das 61 conversas que os dois jornalistas autores da obra tiveram com Hollande, conforme adianta o 20minutes.fr, saltam ainda as críticas aos magistrados, acusados por Hollande de “cobardia” e de fazerem “o jogo das virtudes”.
O Conselho Superior da Magistratura de França já reagiu com desagrado, considerando que são declarações “perigosas e injustas”, conforme cita o Le Figaro, e Hollande foi forçado a escrever um pedido de desculpas.
O presidente também dispara contra os futebolistas “sem referências, sem valores” que passaram de “rapazes mal educados a vedetas riquíssimas” e diz que a Federação Francesa deveria organizar “formações” tipo “musculação do cérebro” para os jogadores.
Diz o Le Figaro que as palavras até tiraram do sério o pacato Zinédine Zidane!
Ninguém sabe como reagiu Nicolas Sarkozy, o antecessor de Hollande na presidência de França e possível rival na corrida ao próximo mandato no Eliseu, que é descrito como “um coelho Duracell, sempre em vias de se agitar”, obcecado pelo dinheiro e dominado pelo “cinismo”.
A política francesa está assim, em polvorosa com estas “declarações surpreendentes”, “revelações incríveis” e “segredos bolorentos”, como refere a editora do livro no seu site, realçando que “nunca um Presidente da República tinha sido empurrado a entregar-se a este ponto”.
SV, ZAP
Este Sr. é um “bandalho”, representa mal os valores de uma sociedade moderna, representa mal a França e consequentemente a Europa.
A única coisa certa que ele diz é que há imigrantes a mais na Europa.
Ajustes de contas sob o manto do poder?!
Disse algumas verdades mormente quanto aos imigrantes e aos jogadores de futebol.
Ninguém está habituado a isto e o problema é esse.
O segredo da politica é mentir, esconder, omitir, etc. Tudo menos transparência. Não me recordo de nenhum político ter a coragem de dizer que ” ordenou quatro assassinatos selectivos”. Mas afinal eles acontecem em toda a parte ou não? Alguém se questionou sobre o 11 de Setembro? Foram mesmo os terroristas ou terá sido uma “obra interna”dos serviços secretos? É que o que justificou os ataques contra o Iraque ( por exemplo, mas há mais exemplos), nunca se provou.
Este homem fez uma coisa rara na politica. Admitiu que ordenou a matança de quatro pessoas. Não aprovo o método mas aprovo a coragem, principalmente sabendo que isto é mais comum do que se possa pensar na esfera pollitica das grandes potências.
Por fim, resta saber se estes assassinatos não terão contribuido para a paz no Mundo, é que se contribuiram, então, lamento discordar da maioria dos “opinadores”, mas concordo.
Penso que a maioria dos franceses e digo maioria enquanto esta ainda for europeia porque por este caminhar daqui a alguns anos será magrebina, estarão no fundo lá a pensar para com eles, pena foi só ter mandado abater quatro jihadistas se fossem todos o mundo estaria agora um pouco mais aliviado e muitos milhares de mortes inocentes teriam sido poupados, por outro lado quando se refere aos demasiados emigrantes todos nós percebemos a quem se está a referir, ele e o seu partido bem têm sido defensores ao longo dos anos de tal situação, agora de facto começa o garrote a apertar demasiado no pescoço dos franceses mas será já demasiado tarde para inverter a situação que se tonará cada vez mais insustentável.
Hara-Kiri apenas no PS Francês? Melhor fora geral. Quem estiver limpo, que atire a ribeira pedra
#jesuisterrorist #stateterrorism -portanto sem qq julgamento, o Estado francês decretou que 4 pessoas são supostamente terroristas e não ficando contente com tal, ainda as manda assassinar.
relembro que há anos atrás esse mesmo Estado, tb se lembrou de declarar como terroristas as pessoas da Green Peace, tendo afundado o seu barco, o rainbow warrior e morto o fotógrafo português Fernando Pereira.
“A Greenpeace já reagiu ao pedido de desculpas de Kister afirmando que este “não vai trazer o Fernando de volta, mas prova que o nosso colega e amigo foi sacrificado em nome do interesse de um Estado, interesses esses que até um agente põe em questão”.”
http://expresso.sapo.pt/internacional/2015-09-07-Militar-que-afundou-navio-da-Greenpeace-pede-desculpas-passados-30-anos