O comissário europeu para a Segurança advertiu esta terça-feira que a Europa tem de estar preparada para um novo influxo de extremistas do Daesh caso as forças iraquianas recuperem a cidade de Mossul, bastião dos jihadistas.
O controlo dos jihadistas já dura mais de dois anos e Mossul é considerada a “capital do Califado” proclamado pelo EI.
“O retomar do controlo do reduto do EI no norte do Iraque, Mossul, pode levar a um regresso à Europa de combatentes violentos do EI“, disse Julian King ao diário alemão Die Welt.
Para o comissário, mesmo o retorno de meia dúzia de jihadistas representaria uma “série ameaça” para a qual a Europa se deve preparar.
As forças iraquianas têm avançado no terreno no âmbito de uma ofensiva que visa recuperar o controlo de Mossul e desferir um golpe significativo no “califado” do movimento extremista Estado Islâmico na cidade, onde foi declarado há dois anos.
Na época em que os extremistas tomaram a cidade, em 2014, as imagens de mais de meio milhão de pessoas fugindo a pé correram o mundo e alertaram os países “aliados” dos iraquianos de que a situação estava a fugir do seu controlo.
As forças iraquianas, apoiadas pelos 60 países da coligação internacional contra o EI, iniciaram na segunda-feira uma vasta ofensiva para recuperar a segunda maior cidade do Iraque, situada no norte, o último grande bastião do grupo extremista no país.
Cerca de 30 mil efetivos das forças federais iraquianas – exército, polícia, unidade antiterrorismo – estão envolvidos na operação.
O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Paolo Gentiloni, afirmou que a ação militar no Iraque – que conta com o apoio da coligação para derrotar o EI -, não deve “repetir” os erros já cometidos por tropas estrangeiras.
“Não se pode repetir os erros do passado. Não basta libertar Mossul, será preciso gerir a fase sucessiva de maneira inclusiva e estável”, afirmou Gentiloni, lembrando que a Itália é o segundo país com mais tropas militares no território iraquiano, atrás apenas dos EUA.
ONU prepara-se para o caos
A coordenadora das Nações Unidas para o Iraque, Lisa Grande, afirmou que a entidade está a preparar-se para receber cerca de 400 mil refugiados na sequência da ação militar na cidade de Mossul para expulsar o grupo terrorista Estado Islâmico (EI).
A ONU teme uma deslocação massiva da população para fora da cidade e uma crise humanitária com centenas de milhares de refugiados.
“Estamos a trabalhar sem descanso para abrir, dentro das próximas semanas, mais 22 campos de emergência que podem abrigar até 400 mil refugiados em fuga de Mossul”, disse a representante, numa conferência de imprensa em Bagdade.
De acordo com a coordenadora, citada pela agência Ansa, “até o momento, temos seis campos capazes de abrigar 60 mil pessoas“, mas é estimado que até meio milhão de pessoas fujam do local.
A terceira maior cidade do Iraque está sob fogo cruzado depois de o primeiro-ministro do país, Haidar al-Abadi, anunciar uma grande operação para retirar a localidade das mãos do Daesh.
Lisa Grande destacou ainda que os traficantes de seres humanos já começaram a atuar na cidade e estão a cobrar “cerca de 10 mil dólares” para retirar quem quer fugir do confronto. Segundo a coordenadora, antes da ofensiva, esse valor estava em cerca de 1.500 dólares.
Há cerca de 1,5 milhões de habitantes ainda em Mossul.
ZAP / ABr / Lusa